Com a média de casos da Covid oscilando entre a alta e na melhor da hipóteses a estabilidade, mas nunca em queda, o Brasil tomou conhecimento de sua primeira morte pela varíola dos macacos, a nova emergência de saúde global declarada pela OMS, e de já ter chegado a mil casos dessa doença.
A Covid cansou tanto e de tal forma passou a ser negligenciada que hoje pouca gente usa máscara, mesmo em aglomerações em recinto fechado, que pouco se faz de campanha de vacinação e que até mesmo o autoteste tem de ser comprado e pago nas farmácias para quem apresenta algum sintoma ou teve contato com pessoa cujo teste deu positivo.
A desmobilização generalizada diante da ameaça ainda presente da Covid teve um episódio vergonhoso na recente visita de Bolsonaro à sede do Conselho Federal de Medicina, em Brasília, onde ele fez questão de discursar para uma plateia presumivelmente de médicos, que riu de suas piadas infames e depois o aplaudiu calorosamente.
O que essa plateia aplaudiu foi, entre, outras coisas, a defesa de uma impostura como a cloroquina em casos de Covid e mais a arrogante afirmação de Bolsonaro, de que não se vacinou e estava ali firme e forte.
Protestando contra essa degradante submissão de um órgão da importância institucional e do poder normativo do Conselho, surgiu um manifesto que imediatamente recebeu a adesão de 4 mil médicos e negou qualquer representatividade e autoridade a sua atual direção.
Com o Ministério da Saúde entregue a um titular que só pensa na eleição do filho para um mandato de deputado e um ocupante da Presidência da República que se orgulha da estupidez de não ter recebido uma só dose de vacina quando sua geração já recebeu quatro, a submissão do Conselho Federal de Medicina deixa o país sem quem se responsabilize no plano nacional por qualquer imprevisto em matéria de saúde pública num planeta cada vez mais vulnerável e cada vez mais sem fronteiras.
As notícias que chegam sobre a varíola dos macacos são recebidas com a maior indiferença pelo próprio Ministério da Saúde que as divulga. E como no caso da Covid, é no SUS que desaba a carga dos quase mil casos verificados em poucos dias, sem que o governo federal se preocupe em dar apoio a ele, tão sacrificado pela política do corte de gastos, e em orientar a população ao menos quanto aos necessários cuidados preventivos.
Tentando dar a impressão de que se pôs em movimento, o Ministério da Saúde fez uma encomenda de 50 mil doses de vacina, que só começará a receber em setembro, e prometeu para agosto, mas depois desprometeu, uma campanha de esclarecimento da população. Até agora, porém, quase ninguém sabe quais os sintomas a que prestar atenção e os cuidados a tomar nos contatos com desconhecidos, inclusive no uber, já mencionado em notícias alarmistas. Enquanto isso, as sociedades científicas se mobilizam com esclarecimentos pelos veículo jornalísticos da mídia e alertam que os casos já registrados podem ser a ponta de um iceberg.
Em resumo, o país está sem governo exatamente num setor que para o neoliberalismo reinante é um dos três – saúde, educação e segurança pública – que justificam a existência e a ação do Estado. O país, na verdade, está sem governo nesses três setores.
Na educação, basta pensar nos negócios dos pastores evangélicos que cobravam propinas adiantadamente de prefeitos empenhados em conseguir verbas do Fundo Nacional de Educação. Quanto à segurança pública, já tínhamos a temível e ameaçadora terceirização do monopólio estatal do recurso à força, pela multiplicação e impunidade das milícias bolsonaristas e em seguida pela disseminação dos clubes e centros de treinamento de tiro, quase à razão de um por dia.
Na noite de quinta-feira na Barra da Tijuca, no Rio, um caso que a mídia registrou sumariamente pode ser um exemplo muito perigoso. O morador de um apartamento viu pela janela dois jovens de motocicleta, na rua, tentando assaltar um transeunte (ou parecendo tentar), e não teve dúvida: pegou sua arma, atirou e matou ou apenas atingiu um deles (a notícia diz uma coisa, o título diz outra).
O exemplo desse morador pode viralizar, se é que já não está viralizando. E outros moradores armados de qualquer apartamento de frente para a rua podem imitá-lo, com as consequências previsíveis.
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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