A notícia de que o mais antigo, tradicional e importante evento cinematográfico do país pudesse não acontecer este ano causou comoção: artistas, cinéfilos, jornalistas… Preocupado com a repercussão negativa, o governador Ibaneis Rocha ligou para o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues, e garantiu a realização da 53ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
O orçamento para o evento será na casa dos R$ 2 milhões. E ele virá com várias novidades. O secretário, diante da pandemia de Covid-19, vê a oportunidade de se revolucionar o jeito de fazer o festival. “Será um aprendizado para um evento de tão grande magnitude. E sem o direito de errar, com o desafio de trazer bons filmes e grandes diretores”, avalia ele.
Previsto para outubro ou novembro, o evento deve ser realizado em formato híbrido: online e exibições de filmes no Cine Drive-In, por sinal, o único do gênero na América Latina. Algumas empresas de streaming, aliás, já demonstraram interesse em fazer parcerias para a exibição dos filmes nas plataformas virtuais.
“Alguns festivais no mundo inteiro estão mudando de formato ou simplesmente sendo cancelado”, conta Rodrigues. Ele lembra que Cannes (França) está no mesmo dilema. “Temos algumas vantagens, como o Cine Drive-in, essa preciosidade que vamos utilizar da melhor forma”, planeja.
O secretário lembra que agora é a hora inovar. “Talvez inauguremos um modelo novo de realização de festival, que pode ser uma referência.”
Uma “coordenação descentralizada” ficará sob o comando do gabinete da Secec – contando, inclusive, com a presença de todos os representantes da classe cultural. O primeiro a ser convocado foi o mestre de todos os cineastas da cidade, Vladimir Carvalho – com mais de meio século de vida afetiva com o Festival de Brasília.
Prestes a completar 86 anos, o conterrâneo velho de guerra, nascido na Paraíba, mas radicado na cidade desde 1969, já aceitou o convite e promete ajudar com afinco. Experimente, o cineasta acredita que até lá, novembro, essa crise sanitária já passou e torce por um evento 100% presencial, carregado de espírito de esperança.
“Estou otimista. Aceitei esse chamamento por pura coerência e vou colaborar, será um festival cheio de esperança para uma nova realidade”, defende.
Com a autoridade de quem assistiu 45 edições das 52 que aconteceram (25 deles vividos em Brasília), a jornalista Maria do Rosário Caetano, hoje morando em São Paulo, elogia a iniciativa do governador Ibaneis Rocha de não paralisar o mais importante festival. “O GDF reconhece que este é o mais duradouro, sólido e estimado projeto cultural da capital brasileira”, destaca ela.