Porto Alegre até já teve seus tempos de cidade mais limpinha, mas Saint Hilaire esculhambou com a gente já em 1820. Depois são inúmeros os relatos de queixa quanto à sujeira da capital gaúcha.
Nossos habitantes como se pode depreender não são muito chegados ao capricho, nem os governos parecem se importar com limpeza tampouco.
Na atualidade temos o uso de contêineres fétidos, nos quais se misturam restos de comida, material orgânica, chorume, com material que poderia ser reciclável.
Aí leio que um centro comercial inundado em maio passado não reabrirá e alugará o imóvel para megaloja de cosméticos. Opa, mais uma? É que nem abriu ainda a tal loja que a mídia badalou onde era o Banco Safra da mesma marca. Sim, naquele prédio tombado pelo nosso Patrimônio Cultural, datando de 1913. Edificação feita pelo engenheiro Rudolf Ahrons, com base na proposta de Theodor Wiedespahn. A decoração da fachada foi de João Vicente Friedrichs, e as esculturas foram obra de Wenzel Folberger. O prédio possui cinco pavimentos, com uma fachada profusamente ornamentada com aberturas de variado perfil, relevos e estatuária. Segundo alguns, e concordo, o prédio mais bonito da cidade. O último ocupante era o Banco Safra. Olhem só, o Banco Safra vira loja da Volný. Que loucura. Porto Alegre só nos surpreende. A antiga e icônica loja da Livraria e Editora Globo virou Casas Maria, com badulaques de uso corriqueiro em casa, tudo oriundo da China.
As pessoas podem não se dar conta, pois a pressa nos impede de ver estas maravilhas da cidade, pois os calçadões estão estragados, as calçadas andam detonadas.
Voltando ao prédio da Grazziotin, o tal centro comercial, a rede paulista Vonný, que vende de cosméticos e materiais de higiene pessoal, repetindo, vai ocupar os três andares do imóvel com acessos pela Rua Voluntários da Pátria e Avenida Júlio de Castilhos.
A Volný tem 35 mil itens para nos vender. Já tinha uma loja na Andradas, não muito distante da que vai usar o prédio da antiga Previdência do Sul/Banco Safra; outra na Avenida Voluntários da Pátria, também próxima de onde abrirá esta megaloja.
COMO EXPLICAR?
São questões de mercado difíceis de entender para leigos. Mas algumas perguntas que devemos fazer para hoje e para o futuro: se Porto Alegre perde 76 mil almas em 12 anos, não temos os dados de 2022 para cá, mas são muito mais pessoas que seguem a onda migratória para as praias catarinense, como podem abrir estas megalojas de um ramo como perfumes?
Se andarmos pela cidade o que mais se encontram são placas de “Vende-se” ou “Aluga-se”, quando em muitos locais devolutas “nada consta”?
Qual o milagre?
A mesma pergunta os cidadãos comuns andam fazendo a si: como podem sobreviver tantas farmácias em cada esquina?
(*) Por Adeli Sell, professor, escritor e bacharel em Direito.
*As opiniões dos autores de artigos não refletem, necessariamente, o pensamento do Jornal Brasil Popular, sendo de total responsabilidade do próprio autor as informações, os juízos de valor e os conceitos descritos no texto.