Nas redes digitais, a deputada federal pelo Paraná e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, informou que ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegaram ao México para discutir o fortalecimento das relações latino-americanas. As redes digitais de @LulaOficial divulgaram a visita ao país centro-americano
Chegamos hj ao México c/ @LulaOficial. Recebidos por Marcelo Ebrad, ministro de relações exteriores e por Mário Delgado, presidente do Morena, partido de Lopes Obrador. Reuniões e encontros c/ várias lideranças mexicanas. Na pauta o fortalecimento das relações latino americanas pic.twitter.com/2w6TgniwxY
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) March 1, 2022
Cobertura do jornal La Jornada, a seguir, após o tweet do ministro mexicano, informa que o ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard recebeu o ex-presidente Lula. Nas redes digitais, Ebrard declarou a alegria pela chegada do petista: “Bem-vindo Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) um grande amigo do México e da causa da justiça. Você começa uma visita ao nosso país, onde é amado e respeitado. Muito feliz em te ver entre nós!!!”
Bienvenido Luiz Inacio Lula da Silva "Lula" gran amigo de México y la causa de la justicia. Inicias visita a nuestro pais, donde se te quiere y respeta. Muy contentos de verte entre nosotros!!! pic.twitter.com/jvEq9w8BDu
— Marcelo Ebrard C. (@m_ebrard) February 28, 2022
Luiz Inácio Lula da Silva, mais conhecido simplesmente como Lula, deixou a presidência do Brasil no final de 2010, com 87% de aprovação. Naqueles dias, a grande mídia de seu país encheu suas primeiras páginas com manchetes, já que Lula deixará a Presidência. Mas a presidência sairá disso?
Naqueles dias também, Gilberto Carvalho, seu chefe de gabinete e então coordenador do gabinete de Dilma Rousseff, garantiu que o candidato de Lula faria uma boa gestão, embora também desenhasse um cenário então improvável: “Se Deus quiser, vamos fazer um grande governo e ela será relegida. Mas se não, temos um curinga. Eu digo à oposição ‘acalme-se, não fique muito agitado, temos uma bateria pesada, temos Pelé no banco de reservas’.”
Isso não aconteceu nos termos propostos por Carvalho (Dilma foi demitida por uma manobra de golpe), mas aos 76 anos Lula é a estrela na cadeira de suplentes, para enfrentar o neofascista Jair Bolsonaro nas eleições de outubro próximo.
Por ocasião de sua visita ao México, Lula respondeu a um questionário de La Jornada, no qual aborda a situação de seu país, a região latino-americana e sua relação com o México.
Após essa viagem, na qual se reunirá com o presidente Andrés Manuel López Obrador e outros atores políticos, Lula voltará ao seu país para tomar a decisão final sobre sua sexta candidatura à presidência do Brasil (as pesquisas lhe dão uma ampla vantagem sobre Bolsonaro, o colocam como vencedor em qualquer um dos possíveis cenários do segundo turno).
O que está acontecendo agora em seu país?
O Brasil está sendo destruído. As pessoas são empobrecidas… Temos 116 milhões de pessoas vivendo em insegurança alimentar, o Brasil está de volta ao mapa da fome. Temos um governo que realmente não governa, que se concentra em mentiras e não respeita absolutamente nada. Não respeita os indígenas, negros, mulheres… e trata governadores e prefeitos como inimigos. Esse governo desastroso, que é resultado direto do sentimento antipolítico de que as elites, com a ajuda dos setores de mídia, plantadas no Brasil, serão superadas este ano nas urnas.
A anti-política, continua Lula, foi a resposta das elites que nunca aceitaram governos que agiram de forma independente e para os mais pobres. A ideia de que os filhos dos pobres poderiam entrar nas universidades, graças a programas de ação afirmativa e apoio financeiro, nunca foi aceita pelas elites.
Sem derrotar democraticamente governos progressistas, as elites criaram uma espécie de anti-política e, com o apoio da grande mídia, promoveram o impeachment de Dilma e o processo judicial contra o próprio Lula.
Qual é o resultado disso? Foi Bolsonaro, que em três anos de governo já teve um impacto tão violento no aumento das mortes, que a expectativa de vida dos brasileiros foi reduzida em quatro anos. O Brasil é o segundo país com mais mortes por Covid, há fome e armas espalhadas por toda a sociedade. Portanto, a rejeição (de Bolsonaro) pelo povo brasileiro é imensa, como mostram todas as pesquisas.
Você se vê novamente na presidência do Brasil?
“Já fui candidato muitas vezes e fui presidente. Eu nunca me veria como presidente antes da eleição, isso seria um grande erro. Eu sou um ex-presidente que está avaliando, conversando com um monte de gente (para decidir) se eu vou ser um candidato mais uma vez, uma decisão que eu deveria tomar quando eu voltar do México. Eu tenho uma vantagem e um desafio. Tive muito sucesso como presidente, saí com 87% de aprovação, com o Brasil crescendo 7,5% ao ano e um grande papel no cenário internacional. Tudo isso com democracia, liberdade de imprensa, liberdade de expressão. As pessoas se lembram disso. E meu desafio é voltar, fazer melhor do que jamais fiz, com toda a experiência e aprendizado que tive ao longo dos anos.
Lula não descarta que as forças conservadoras pretendam impedir sua eventual vitória. A batalha para restaurar a democracia plena no Brasil será difícil, mas estou otimista. O povo brasileiro já está farto dessa anomalia que estamos vivenciando e um democrata será eleito em 2022. O desafio de governar e reconstruir o Brasil é maior do que o de ganhar eleições.
O que espera de sua visita ao México?
Tenho muitos amigos no México, que vive um momento importante com o governo progressista de Andrés Manuel López Obrador, o popular AMLO. A relação entre Brasil e México é importante por muitas razões, começando pelo fato de serem os dois maiores países da América Latina.
Lula acrescenta que López Obrador conseguiu afirmar a autonomia do México sem criar antagonismos, contribuindo para uma relação mais equilibrada em nosso continente, fundamental para o desenvolvimento latino-americano.
É necessário, argumenta ele, ir além do intercâmbio comercial. Precisamos trabalhar em um mundo de cooperação, equilíbrio e paz, com instituições internacionais representativas e eficazes. Os problemas ambientais, especialmente o aquecimento global, a pandemia e as desigualdades brutais entre os países e entre os países, exigem uma profunda reforma da governança global. A América Latina deve estar unida neste esforço por um mundo que quer paz e não pode mais suportar a guerra.
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