É amplamente reconhecido que, em tempos de guerra, a verdade é frequentemente a primeira vítima, já que os envolvidos tendem a ocultar seus fracassos e exagerar suas conquistas.
No caso da complexa situação entre Rússia e Ucrânia, as narrativas são moldadas de acordo com os interesses do Departamento de Estado dos EUA, o qual influencia a grande mídia ocidental, sempre destacando as supostas “conquistas” ucranianas que, na realidade, nunca ocorreram. Recentemente, uma grande mentira se espalhou pelo mundo, afirmando que os russos já haviam perdido mais de 100 mil soldados em território ucraniano. Essa notícia falsa não se sustentou na mídia e o assunto acabou sendo esquecido.
Na realidade, o que está acontecendo é que a Rússia está obtendo êxito na frente financeira e diplomática global. Ela possui uma vantagem esmagadora em termos de forças, armamentos, supremacia aérea e na esfera eletromagnética. Enquanto isso, a Ucrânia enfrenta desordem, suas forças estão sendo dizimadas, sua marinha foi destruída e o regime de Kiev está rapidamente desmoronando sob a pressão das forças russas.
No entanto, algo que me intriga são esses drones que invadem o espaço aéreo russo, um espaço altamente protegido pelos sistemas de defesa mais eficiente do mundo, os SS-300, SS-400 e SS-500.
Acredito que a Rússia possa estar facilitando essas incursões ucranianas, preparando a opinião pública mundial para um grande ataque que Kiev poderá sofrer, um ataque que muitos veriam como uma retaliação da Rússia às investidas ao seu próprio território.
Mas na verdade, essa guerra interessa apenas aos fabricantes de armas e governos ocidentais, que usam o conflito como pretexto para enfraquecer economicamente a Rússia. No entanto, o que estamos presenciando é uma Europa enfraquecida economicamente, com inflação e altos índices de desemprego.
Se algum país solicita um cessar-fogo, a OTAN e a presidência da União Europeia logo se opõem, pois tal cessar-fogo seria um obstáculo para a venda de armas a diversos países europeus. A propaganda anti-Rússia é feroz, e todos estão se armando.
Essa guerra também serve como teste para a aplicação de sanções por parte de vários países, principalmente contra a Rússia, que tem seus ativos congelados ao redor do mundo.
Pura hipocrisia
O mundo ocidental condena a Rússia e busca levar Putin ao Tribunal Internacional de Haia, mas ao mesmo tempo fecha os olhos para as atrocidades cometidas pelos EUA e seus aliados no Oriente Médio, onde milhões de pessoas no Iraque, Afeganistão, Líbia e Síria foram mortas pelas tropas de ocupação lideradas por Washington.
Recentemente, o Príncipe Harry, filho do Rei Charles III, afirmou abertamente que, enquanto servia no exército britânico no Afeganistão, disparou contra um grupo de 23 afegãos desarmados a partir de um helicóptero, matando todos eles.
Surpreendentemente, nenhum organismo internacional de direitos humanos condenou esse ato. A ONU permaneceu em silêncio, e o Tribunal Internacional de Haia não se manifestou.
Os talibãs prometeram vingança, e caso isso ocorra, o mundo os chamará de assassinos cruéis, e o país sofrerá todo tipo de sanções, além das já impostas atualmente.
Descaradamente, os Estados Unidos estabeleceram uma presença militar na Síria, de onde roubam diariamente milhares de barris de petróleo para vendê-los no mercado negro. Os recursos financeiros provenientes desse comércio ilegal são destinados a grupos terroristas que combatem o governo de Assad, que é rotulado como ditador simplesmente por não se submeter aos ditames norte-americanos.
E o que dizer de Israel, que mantém suas forças de ocupação nos territórios palestinos, cometendo uma matança que se assemelha ao holocausto? O assim chamado mundo civilizado não condena Israel, pois esse país desfruta da proteção dos Estados Unidos, que bloqueiam qualquer condenação contra o governo sionista de Tel Aviv na ONU.
Essas são apenas algumas das contradições e injustiças presentes no cenário global atual. É essencial que questionemos a parcialidade e a hipocrisia das narrativas midiáticas, que muitas vezes servem aos interesses geopolíticos e econômicos das potências dominantes.
A busca pela verdade e pela justiça deve transcender fronteiras e interesses partidários, permitindo-nos enxergar além das narrativas pré-estabelecidas e lutar por um mundo mais equitativo, onde a paz e o respeito aos direitos humanos prevaleçam sobre os interesses de poder e lucro.
(*) Por Valter Xéu, jornalista, diretor e editor de Pátria Latina e Vietnã Hoje
Artigo reproduzido do site Pátria Latina. Confira
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