Em política, as coincidências são meticulosamente planejadas. E não é mera coincidência esse encontro do embaixador de Israel, Bolsonaro e parlamentares de oposição, dentro do Congresso Nacional do Brasil, no mesmo dia em que dois homens foram presos pela Polícia Federal em São Paulo, sob a acusação de planejar ataques contra instalações de propriedade de judeus e porque seriam integrantes da organização Hezbollah. Bom lembrar que Bolsonaro ainda mantém suas garras espalhadas pela Polícia Federal e demais polícias do Brasil. Está bem informado.
E também não é mera coincidência as dificuldades que o Governo do presidente Lula vem enfrentando para liberar 34 brasileiros que se encontram na zona de massacre em Gaza, sob o pânico dos bombardeios de Israel.
Da mesma forma que o Hamas mantém 200 e poucos reféns de Israel, embora nem todos sejam israelenses, o premier Benyamin Netanyahu mantém 34 brasileiros como reféns porque o Brasil não se dobrou à sua sede de sangue. O Brasil propôs uma espécie de trégua contra o genocídio do povo palestino e a libertação dos reféns pelo Hamas. Essa ousadia está custando caro para nossa democracia.
Como todos sabem, Netanyahu era, talvez, o único dirigente de um país que mantinha relações amistosas com Bolsonaro. E também não é segredo para ninguém as nebulosas relações entre os filhos de Bolsonaro com negócios pouco explicados para compra de aparelhos de espionagem usados pelo Mossad. O deputado Eduardo Bolsonaro só faltava ter orgasmos quando se referia ao Mossad e a Israel. E chegaram a fazer viagens “oficiais” para comprar vacina em sprays contra o Covid, em Israel. Viagens cheias de subterfúgios, com argumentos reticentes.
Ou seja, Bolsonaros e Netanyahu, além do desmoralizado Mossad, encontraram, nos reféns, uma maneira de golpear o presidente brasileiro por ter tido a ousadia de, não apenas vencer a eleição contra seu subserviente aliado Jair e seus filhotes desastrados mas, ainda, criar obstáculos ao projeto criminosos de varrer os palestinos da face da terra. Até o uso de artefato nuclear foi pensado para liquidar o povo que luta por um pedaço de terra, já tantas vezes subtraído. Bom lembrar que Israel – e não o Iraque, como assegurava George Bush – tem “armas de destruição em massa”, ou seja, bombas nucleares. Um arsenal que chega a quase 400 bombas.
E a ousadia de Israel contra o governo brasileiro ficou patente na tarde de quarta-feira, oito de novembro, quando o embaixador do Estado de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, além de se reunir com a colérica oposição bolsonarista e o próprio Bolsonaro, ainda insinuou que há no Brasil quem dê apoio ao Hezbollah, porque os dois presos suspeitos de participar desse grupo tem cidadania brasileira.
Não é a primeira vez que o senhor Zonshine faz essa insinuação. Da outra vez ele chegou a dizer que o PT tem simpatias pelo Hamas.
Está na hora do Brasil dar uma resposta à altura a esse petulante diplomata. E, a única maneira de responder às perigosas insinuações é tornar o embaixador DANIEL ZONSHINE persona non grata no Brasil.
(*) Por Memélia Moreira, jornalista, jardineira, estudante de húngaro. Brasileira com nacionalidade tibetana. Curiosa, aventureira e feliz. Autora do blog Mosaico de Memelia.
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