A pronta reação do governo do fraco e confuso presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ao criminoso de guerra Benjamin Netanyahu, premier de Israel ao ataqueterrorista do Hamas contra Israel foi o esperado. Afinal são sangue do mesmo sangue. Mas, quando Biden decidiu enviar seus dois mais poderosos e assustadores porta-aviões para o mar Mediterrâneo, comecei a duvidar das reais intenções da Casa Branca e do Pentágono. É muito armamento para destruir Hamas, Hezbollah, Jihad Islâmica, Al-Queda, EI e Taliban juntos.
Mas estava limpando meu jardim, plantando, replantando e extirpando os netanyahuzinhos, essas ervas daninhas que inundam o jardim durante o verão, crescendo assustadoramente.
E uma das vantagens de trabalhar com a terra, de sujar as unhas, arranhar as pernas e ser atacada por sementes que grudam na roupa e até no cabelo é que a mente dispara a funcionar e traz respostas a dúvidas políticas e existenciais. Trabalhar com as mãos na terra traz ensinamentos.
Depois de três horas de trabalho me veio a compreensão do momento no Oriente Médio. Aquele arsenal do país mais armado do mundo não era para salvar seu aliado. O alcance é bem maior. O alcance tem a dimensão de um sonho acalentado nas redes pelo estado norte-americano e o alvo vai além das fronteiras de Israel, Palestina, Líbano ou Síria.
O sonho começou com um pesadelo que remonta ao final dos anos 70, mais precisamente, janeiro de 1979, quando um movimento liderado por estudantes iranianos derrubou uma marionete dos ingleses e americanos. Ele se chamava RezaPahlevi, começou a governar o Irã depois de um golpe de Estado em 1952. Eleições eram apenas miragens no deserto, mas Pahlevi nunca foi chamado de ditador pelo Ocidente. Pelo contrário, era incensado pelos imperialistas de antes e pelos EUA, que é a síntese de todos os impérios que o antecederam.
Ancorava-se também em suas belas mulheres, Soraya, a que foi descartada porque não conseguia ter filhos e Farah Diba que lhe deu herdeiros. Elas eram lindas. Além disso, ele abriu as portas para as gananciosas empresas internacionais de petróleo que mandavam e desmandavam no país, e não percebiam que os iranianos estavam fermentando uma resposta à espoliação. (Na casa dos meus pais os adultos conversavam todos os assuntos políticos na nossa frente. E eu, atenta. E assim me lembro da guerra do Suez, da escalada das petrolíferas americanas porque meu pai, meu tio e o editor do nosso jornal, poeta Bandeira Tribuzi falavam muito de política internacional. E daquela remota – para mim – porção do mundo chamado Oriente Médio. Não entendia nada, mas não esquecia os nomes. E, até recortava fotos de Soraya e Farah Diba para o meu álbum de artistas porque elas eram realmente lindas.)
A queda de Reza Pahlevi, que se autointitulava “Xá da Pérsia,” uma espécie híbrida entre liderança espiritual e realeza, que prevê inclusive a sucessão familiar ao “trono” surpreendeu e assustou os Estados Unidos, seus miquinhos amestrados e satélites.
Mais susto ainda quando o Aiatolá Khomeini que estava no exílio desde 1964 foi levado de Paris para assumir o governo do Irã. O mundo dava cambalhotas de pânico. Rodopiavam e buscavam respostas. Como sempre acontece, passaram a demonizar Khomeini. Era como se fosse o “Diabo da Tasmânia”. E ele, para aumentar o pânico, criou a República Islâmica do Irã. Ora se o povo judeu tem um estado religioso, por que cargas d’água eles não teriam o seu?
A partir daí o sonho de conquistar o Irã passou a frequentar as noites mal dormidas de todos os presidentes que se sucederam na Casa Branca.
Para completar o imbróglio, onze meses depois de Khomeini assumir o governo, estudantes, agora com apoio da esquerda iraniana, invadiram a Embaixada dos Estados Unidos em Teerã. Fizeram 52 reféns. Ou seja, o corpo diplomático do país mais poderoso do mundo estava nas mãos dos “infiéis”. Os não-cristãos.
O mundo chamado “civilizado” rangia os dentes de raiva e medo.
Foram 444 dias de tensão e em novembro de 80, Ronald Reagan foi eleito presidente. No dia de sua posse, 20 de janeiro de 1981, os reféns foram liberados. Vai lá saber o simbolismo desse gesto.
Filhote da Guerra Fria, Reagan deixou o Oriente Médio em paz e colaborou na derrubada da União Soviética a partir da Polônia com a ajuda de seu camarada Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II, polonês ferrenho anticomunista com tons de simpatia pelo nazismo.
Mas, há mais de 20 anos, desde que me mudei para a Gringolândia, logo depois da derrubada das Torres Gêmeas, todos os presidentes que vi passar pela Casa Branca, desde George W. Bush, com exceção de DonaldTrump, embalam no sonho de dominar o Irã. Obama não dizia publicamente, mas, sua secretária de estado, Hillary Clinton, mais de uma vez deixou escapar esse desejo incontrolável de “recuperar” o poder dos Estados Unidos sobre o Irã, simplesmente com uma invasão.
O sonho não precisa ser explicado por Freud e não é apenas a expansão do Império; A sanha contra o Irã vem de um profundo desconhecimento da História do mundo e ignorância total de Geografia, matéria que foi banida dos currículos escolares dos Estados Unidos.
E enfim, com o ataque do Hamas chegou à tempestade perfeita. Seu aliado foi bombardeado, Biden está vendo sua reeleição por um fio. Pode perder para Trump. Ora, o que faz um presidente dos Estados Unidos quando se vê em apuros? Ataca um país qualquer. De preferência um país que lhe faz oposição forte e constante. Portanto, a defesa de Israel é apenas o pretexto e o extermínio do povo palestino, efeito colateral.
A última guerra que os EUA venceram foi a II Guerra Mundial. Perderam na Coréia que foi dividida em duas partes, perdeu no Vietname, perdeu no Afeganistão e não conseguiu o controle do Iraque. O Irã é uma potência moderna, que guarda em suas entranhas o precioso líquido que provoca tantas guerras. Joga futebol, handball e até xadrez. Os Estados Unidos jogam todos os esportes, mas, quando chega na política internacional, é só peteca e nem sabem rebater.
Se por milagre Biden conseguir dominar o Irã garante mais um trôpego mandato na Casa Branca. Mas é uma vitória no limite do improvável porque o Irã não está sozinho.
Por enquanto Biden mais se assemelha ao personagem shakespeariano Ricardo III, que rodeado por corpos abatidos gritava à Rosa dos Ventos, “Meu reino por um cavalo”.
No caso, “meu reino pelo Salão Oval”.
Quanto à segurança mundial, os luminares da Casa Branca e do Pentágono apenas dizem, “que se danem todos”.
(*) Por Memélia Moreira, jornalista, jardineira, estudante de húngaro. Brasileira com nacionalidade tibetana. Curiosa, aventureira e feliz. Autora do blog Mosaico de Memelia.
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