Diante da declarada intenção do governo do estado de São Paulo de vender parte da área da Fazenda Santa Elisa, onde se encontram setores do banco de germoplasma de café e de macaúba, pertencente ao Instituto Agronômico de Campinas (IAC), nós, abaixo assinados, somos contra essa venda e o resultado que isso pode acarretar nas pesquisas sobre o café e diversos outros temas de pesquisa, no meio ambiente e na economia do país e apelamos para o governador para que cancele os estudos realizados sobre a possibilidade dessa venda.
O Centro Experimental do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), historicamente conhecido como Fazenda Santa Elisa, é um centro de pesquisa voltado ao desenvolvimento agrícola do estado de São Paulo, com resultados que chegam à agricultura brasileira e mesmo mundial.
Nele, são feitas pesquisas pioneiras com a aclimatação de plantas de clima temperado às condições subtropicais e tropicais do estado, desenvolvimento de novas variedades de plantas resistentes a pragas e doenças e introdução de novas culturas agrícolas vêm ocorrendo ao longo de mais de um século de trabalho de seus servidores, pesquisadores e funcionários de apoio em campo e nos laboratórios.
Todo esse desenvolvimento da agricultura paulista – e brasileira – só é possível com a manutenção de um banco de plantas vivas para a experimentação, o teste e a seleção daquelas mais interessantes para o objetivo que se quer atingir. Nesse sentido, estão na Fazenda Santa Elisa coleções de plantas, ou bancos de germoplasma, de café, seringueira, plantas ornamentais, aromáticas e medicinais, bambu, árvores e palmeiras, entre outras.
Diante do cenário de mudanças climáticas e aumento das temperaturas, é estratégico tanto para a alimentação humana quanto para a economia o desenvolvimento de variedades que se adaptem às condições ambientais adversas. Assim, bancos de germoplasma variados e áreas para a experimentação são essenciais.
Portanto, considerando as questões elencadas, nós, abaixo-assinados, declaramos ser totalmente contrários à venda da Fazenda Santa Elisa, ainda que em partes, por entender que isso colocaria em risco as pesquisas científicas ali realizadas há décadas, comprometendo direta ou indiretamente questões de ordem econômica, científica e ambiental no estado de São Paulo.
Por fim, vale dizer que não existem áreas subutilizadas nas estações experimentais dos institutos de pesquisa, mas o sucateamento deliberado das suas estruturas conduzido nas últimas décadas pelos sucessivos governos estaduais. Faltam concursos públicos para recompor a equipe de pessoal qualificado dessas instituições e a sua devida valorização. Todo esse processo de desmonte do Estado se aprofunda na atual gestão, com sérias consequências para a sociedade. Dizemos não ao desmonte dos institutos públicos de pesquisa!
Assinam o manifesto
Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo
Associação dos Docentes da Unesp (Adunesp)
Associação de Docentes da Unicamp (Adunicamp)
Associação dos Docentes da USP (Adusp)
Fórum das Seis Entidades
Fórum Socioambiental de Campinas
Gustavo Petta, vereador e Presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia de Campinas
João Paulo Feijão Teixeira – ex diretor do IAC
Marco Antônio Teixeira Zullo – ex diretor do IAC
Michele Schutz Ramos – presidente da Adusp
Ronaldo Hipólito Soares – ex Secretário de Serviços Públicos de Campinas (2002/2004)
Sindicato dos Trabalhadores da Unesp (Sintunesp)
Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU)
Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp)
Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza (Sinteps)
Teresa Losada Vale – Pesquisadora aposentada do IAC
Tiago de Lira – Presidente do Comdema
Wagner Romão – docente Unicamp
Fonte: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdRowcj7dt1gS5UAgA-NrmO7Eh8GcJ5TmzX2tdxdD5J3vp8qg/viewform