Apesar da queda de 47% no 2º trimestre, estatal acumula ganhos de R$ 66,938 bilhões no primeiro semestre deste ano
Os resultados financeiros do 2º trimestre apresentados pela Petrobrás nesta quinta-feira (lucro líquido de R$28,782 bilhões, ante estimativas de analistas de R$23 a 24 bilhões) serão aprofundados pela AEPET nos próximos dias. De qualquer forma os números mostram mudanças nos rumos da companhia, mas que ainda precisam ser ampliadas para garantir seu papel como maior estatal brasileira.
É bom lembrar que todas as grandes petroleiras internacionais não estatais (Exxon, Chevron, Shell, BP, Total e Eni) apresentaram lucros muito menores nesse 2ª trimestre. Mesmo assim anunciaram aumentos nos dividendos pagos e a recompra de ações, em detrimento de investimentos em E&P.
A revista do Clube de Engenharia traz reportagem mostrando as mudanças já feitas pela nova gestão da Petrobrás. Entretanto, os dois principais entrevistados, Guilherme Estrella e Felipe Coutinho, afirmam que ainda são medidas tímidas diante do imenso desafio da reconstrução da Petrobrás como indutora do desenvolvimento nacional.
Felipe Coutinho, vice-presidente da AEPET, reforça a necessidade de recuperação do terreno perdido pela companhia. Ele ainda considera pequeno o volume de investimentos anunciado, principalmente se comparado ao ápice de 2014, quando a cifra chegou aos US$ 50 bilhões.
“É um investimento insustentável, pois é incapaz de recuperar a capacidade de produção e de recompor as reservas de petróleo. É um patamar insuficiente para manter a atual produção muito menos de aumentar”, ressalta Coutinho.
O geólogo Guilherme Estrella acha que as medidas ainda são insuficientes para a recuperação do Sistema Petrobrás que existia em 2015. Segundo ele, é necessário que a atual administração reverta privatizações feitas nos últimos anos, como a da BR Distribuidora, da malha de gasodutos e das refinarias Landulpho Alves (Bahia) e Isaac Sabbá (Amazonas) e Clara Camarão (Rio Grande do Norte). Ele também critica a venda de campos de petróleo, inclusive o de Albacora Leste, efetivado este ano.
A mudança na política de distribuição de dividendos, anunciada pela Petrobrás, precisa ser efetivada rapidamente. Segundo Felipe Coutinho, pressões principalmente de acionistas privados interessados nos lucros de curto prazo, que geram altos níveis de dividendos, mas não trazem sustentabilidade para a empresa. Estaria entre os motivos para não ter ocorrido até o momento uma queda mais agressiva de preços nos combustíveis, que, para Coutinho, ainda estão no patamar do valor de importação.
É preciso avançar mais. A volta da priorização do conteúdo nacional nas compras da Petrobrás é uma necessidade premente para que a estatal retome seu papel de indutor do desenvolvimento industrial brasileiro. Além do estímulo ao desenvolvimento tecnológico, tal estratégia tende a gerar mais empregos no Brasil.
E a Petrobrás precisa ter o direito de pesquisar a Margem Equatorial, sempre na busca de renovar suas reservas de óleo. Tanto Estrella como Coutinho defendem que a Petrobrás tem esta missão e a capacidade tecnológica de fazer as pesquisas sem afetar o meio ambiente.
“O Ibama precisa reavaliar suas posições e a Petrobrás, se tiver alguma pendência, precisa esclarecer o que for necessário para que se progrida”, defende o Coutinho.
Nessa quinta-feira (03), o presidente Lula declarou: “Eu acho que essa é uma decisão muito importante, uma decisão que o Estado brasileiro tem que tomar. Mas o que não podemos é deixar de pesquisar”.
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