No sábado (22), o Baile Sarau-vá Voz e Alma tomou conta do Porks, em Ceilândia, e se tornou mais uma vez um marco de resistência cultural e celebração da arte periférica. Desde sua criação em 2013, o Sarau-Vá surgiu como um movimento para ressignificar os espaços públicos e garantir o direito ao lazer nas periferias. Hoje, mais de uma década depois, o evento se consolidou como um dos maiores símbolos da resistência cultural de Ceilândia, mostrando que as manifestações artísticas da periferia não apenas resistem, mas crescem e se expandem.
Uma das características mais marcantes deste evento é a diversidade de expressões artísticas que ele reúne. Durante toda a programação, o público teve a chance de vivenciar a poesia falada, o reggae, o hip-hop e performances intensas em pocket shows e apresentações de DJs. Essa multiplicidade de estilos fortalece a cena cultural local, criando conexões entre diferentes formas de arte e abrindo espaço para que diversas vozes se manifestem de maneiras distintas.
A divisão do evento em duas pistas também foi um ponto alto da noite. De um lado, a pista Porks trouxe a vibração do reggae, gênero que tem uma relação profunda com a cultura de Ceilândia, enquanto a pista Beco do Porco foi dedicada ao hip-hop e suas vertentes, reunindo MCs, DJs e outros artistas da cena local. Essa separação não só organizou a experiência do público, mas também evidenciou a força e a potência de cada estilo, permitindo que cada um brilhasse à sua maneira.

Mais do que um simples evento, o Baile Sarau-vá se apresenta como um espaço de reconhecimento e valorização. A cada edição, ele se afirma como uma plataforma para artistas da quebrada mostrarem seu talento e se conectarem com novos públicos. Iniciativas como essa são essenciais para fortalecer a cultura local e garantir que as vozes marginalizadas tenham o espaço e o destaque que merecem.
A noite de sábado foi um reflexo claro da força cultural de Ceilândia e dos artistas que dela emergem.

Representatividade e Potência Artística
O Baile Sarau-vá se destaca também pela representatividade de seus artistas. Rafinha Bravoz, integrante do grupo VeiOeste, vê o evento como um grito de liberdade para a cidade. “O Sarau-Vá foi um transbordo dos silenciados. Ele nos mostrou que nossa maior potência é sermos quem somos e ocuparmos nossos espaços”, afirma o rapper, que também é um dos fundadores do Sarau Voz e Alma.

Cristyle, artista de Ceilândia, reforça a importância do Sarau-Vá para a cena cultural local. “O Sarau-Vá é um ambiente que fortalece nossa cultura, dá visibilidade para as vozes da periferia e mantém viva a arte urbana da cidade”, diz ela. Além de se apresentar como poeta, Cristyle também assumiu as pickups para um back-to-back (B2B) com DJ Kliff, um veterano de mais de 10 anos na cena do DF. “Nosso set vai ser uma celebração da resistência e da cultura negra, conectando ritmos que carregam nossa ancestralidade africana. Faremos uma retrospectiva do hip-hop e suas vertentes, misturando batidas africanas com o som dos morros e a energia do funk. A ideia é criar uma fusão sonora que represente a energia das ruas e da diáspora”, finaliza Cristyle.
O Baile Sarau-vá continua a ser um espaço de resistência, celebração e união, reafirmando sua importância como um evento cultural fundamental na periferia de Ceilândia.









