Em entrevista ao Estadão, Deccache afirmou que foi demitido pelas críticas à política econômica do governo Lula. Parlamentares dizem que demissão se deu “por ataques públicos do assessor a parlamentares e à presidente do PSOL”
Em nota divulgada nesta quinta-feira (7), parlamentares do PSOL se pronunciaram sobre a demissão do economista David Deccache da assessoria do partido na Câmara dos Deputados.
Em entrevista ao Estadão, Deccache afirmou que foi demitido pelas críticas que faz à política econômica do governo Lula e acusou Guilherme Boulos (PSOL-SP) de mandar na sigla “de forma autoritária”.
O economista foi demitido após reunião da bancada. Oito deputados – Luciene Cavalcante (SP), Henrique Vieira (RJ), Talíria Petrone (RJ), Erika Hilton (SP), Célia Xakriabá (MG), Tarcísio Motta (RJ) e Ivan Valente (SP), além de Boulos – se colocaram a favor da demissão. Chico Alencar (RJ), Fernanda Melchionna (RS), Glauber Braga (RJ), Luiza Erundina (SP) e Sâmia Bomfim (SP) foram contra e tiveram os votos vencidos.
Na nota, parlamentares do PSOL negam que o desligamento de Deccache esteja relacionado às críticas à política economica do governo.
“O desligamento do economista David Deccache da assessoria da Bancada não se deu, como alguns alegam falsamente, por divergências políticas, mas por ataques públicos do assessor a parlamentares e à presidente do PSOL. É inadmissível que alguém que trabalhe para a Bancada ofenda deputados, deputadas e a direção do partido nas redes sociais, com caracterizações como ‘oportunistas’, ‘covardes’ e ‘mentirosos’”, diz o texto.
Os parlamentares afirmam que “é mentira, ainda, que o assessor não tenha sido ouvido antes do desligamento”.
“Em dezembro, dois parlamentares, de maior relação e trânsito com o assessor, foram designados pela Líder da Bancada para dialogar com ele, e os ataques públicos persistiram”, diz o texto.
Segundo o comunicado, Deccache foi nomeado por “indicação política” em um cargo de confiança e que “a partir do momento em que um assessor neste cargo ataca a representação política que o indicou, se cria um conflito ético-profissional, o que inviabiliza sua continuidade nesse papel”.
O texto diz ainda que “o apoio ao Governo está longe de ser acrítico: a Bancada votou por unanimidade contra projetos do governo que entendemos ser equivocados, como o Arcabouço Fiscal e o Pacote de Ajuste”.
Por fim, os parlamentares afirmam que a “polêmica” parte de um grupo do partido que faz “debate interno de maneira pública e desrespeitosa” na “tentativa de jogar o PSOL na oposição ao Governo Lula”.
“A leitura deste grupo é que o foco do partido deve ser enfrentar contradições e limites do Governo. A nossa é de que o foco deve ser o enfrentamento ao bolsonarismo, mantendo a independência e o compromisso com os trabalhadores”, diz.
“É um erro grave que parte da esquerda não compreenda os riscos do avanço da extrema-direita aqui e no mundo e tenha seu horizonte limitado a disputas internas. Essa não é e nem será a posição do PSOL”, conclui o texto.