Segundo analista, ‘a China, que já reduziu as taxas de juros este ano, continua a expandir seu estímulo monetário para impulsionar sua economia’
Um possível corte na taxa de juros pelo Federal Reserve dos EUA em setembro pode ter efeitos globais importantes, levando a uma depreciação gradual do dólar americano e aumentando a demanda por commodities negociadas na divisa americana.
Além disso, isso poderia incentivar os Bancos Centrais de todo o mundo a implementar políticas monetárias mais expansionistas, especialmente nos países asiáticos que ainda não iniciaram seus ciclos de flexibilização monetária.
Na semana passada, o Bangko Sentral ng Pilipinas (BSP) tomou uma atitude ousada ao reduzir sua taxa de juros em 25 pontos-base, para 6,25%. Antecipando possíveis cortes nas taxas do Federal Reserve, o BSP começou a flexibilizar sua política monetária.
O Banco Central da Indonésia, o Bank Indonesia (BI), decidirá sua taxa de juros nesta semana. Apesar das preocupações fiscais e da possível pressão sobre a rupia, aumentam as especulações de que o BI poderá reduzir as taxas para estimular o crescimento econômico.
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Os Bancos Centrais da Ásia estiveram no centro das atenções macroeconômicas nas últimas semanas.
“A China, que já reduziu as taxas de juros este ano, continua a expandir seu estímulo monetário para impulsionar sua economia. Enquanto isso, a Índia está adotando uma abordagem mais cautelosa devido às pressões persistentes dos preços dos alimentos sobre a inflação”, diz Victor Arduin, analista de Macroeconomia e Energia da Hedgepoint Global Markets.
No entanto, o corte da taxa de juros realizado na semana passada pelo Banco Central das Filipinas surpreendeu muitos observadores. De acordo com Victor, embora tenha como objetivo estimular a economia doméstica, a decisão pegou alguns analistas desprevenidos. A relativa calma nos mercados, evidenciada pela estabilidade do peso filipino (PHP), pode incentivar outros Bancos Centrais asiáticos a seguir o exemplo. O Banco Central da Indonésia deve anunciar sua decisão sobre a taxa de política monetária nesta semana, com expectativas de um possível corte inaugural da taxa.
Espera-se que um possível corte na taxa de juros pelo Federal Reserve dos EUA em setembro influencie significativamente a economia global.
“Diretamente, isso poderia desencadear uma desvalorização gradual do dólar americano, potencialmente aumentando a demanda por commodities negociadas na moeda americana. Além disso, isso pode encorajar os Bancos Centrais ao redor do globo a iniciar ou acelerar suas próprias políticas de flexibilização monetária”, destaca o analista.
As recentes reduções nas tarifas de arroz provavelmente reforçaram a confiança das autoridades monetárias de que a inflação convergirá gradualmente para a faixa da meta de 2% a 4%. Além disso, o mercado reagiu de forma relativamente calma à decisão, com o peso filipino se valorizando em quase 3% desde o início do mês.
Recentemente, o país aprovou um orçamento de 3,6 quatrilhões de rupias (US$ 230 bilhões) para o próximo ano. Em conjunto com uma política monetária menos restritiva, isso poderia estimular a economia do país em 2025. O Índice Composto da Bolsa de Valores de Jacarta já obteve ganhos nesse ambiente mais dovish, pairando perto de seu recorde histórico.
Após o recente corte nos custos de empréstimos pelo BC das Filipinas, o Banco Central da Indonésia tomará sua decisão sobre a taxa de juros nesta semana.
“Apesar das preocupações do quadro fiscal e da possível pressão sobre a rupia, há uma especulação crescente de que a autoridade monetária pode optar por uma redução dos juros para estimular o crescimento econômico”, observa.
“Caso o Banco da Indonésia confirme essa medida, podemos antecipar um ambiente econômico cada vez mais propício à expansão da demanda na Ásia, o que, por sua vez, deverá intensificar a consumo por commodities. Essa tendência pode ser atribuída, em parte, à adoção de políticas monetárias mais expansionistas por Bancos Centrais da região, além da possibilidade de uma depreciação mais acentuada do dólar americano, que tornaria as commodities denominadas em dólar mais atrativas para detentores de outras moedas”, conclui.
Em resumo, o mercado está precificando cada vez mais um corte nas taxas do Fed em setembro. Com a queda dos rendimentos do Tesouro dos EUA, mais Bancos Centrais encontrarão espaço para reduzir suas taxas de juros sem causar pressões inflacionárias ou depreciação significativa nas suas moedas.
O exemplo mais recente foi o do Banco Central das Filipinas, que, apesar de algumas preocupações com a inflação, decidiu cortar as taxas na semana passada. Nesse contexto, um movimento semelhante pode ocorrer esta semana com a Indonésia, que também tem altas taxas de juros.
Um ambiente monetário menos restritivo na Ásia poderia estimular o crescimento econômico, aumentando assim a demanda por produtos como petróleo, grãos, açúcar, café e outros. Combinado com uma depreciação gradual do dólar, isso poderia criar uma perspectiva mais altista para os preços das commodities.