Depois de 100 anos como muitas coisas de Porto Alegre estão em crise ou em decadência. A Banda é mais um caso.
Depois dos anos 70, com a fúria de atacar tudo como “velho” foi a vez do patrimônio histórico e cultural. Eram os tempos do sempre lembrado exterminador do futuro, o prefeito nomeado pelos militares, T. T. Flores.
Em 2013, a Banda Municipal de Porto Alegre obteve votação unânime da Câmara Municipal para declarar a instituição como bem integrante do Patrimônio Histórico e Cultural do Município.
Com a chegada do governo N. Marchezan (PSDB), em 2016, a Banda foi deixada ao “deus dará” sem lugar para ensaios e outros problemas.
Nos dias que correm, a Banda aparece de quando em quando em algum evento oficial, mas a velha Banda marcou época ao manter concertos, com regularidade, ao ar livre, privilegiando o repertório operístico, devido tanto à nacionalidade predominante de seus dirigentes e instrumentistas, quanto ao gosto da elite local.
Na atualidade, se alguém perguntar onde há seus ensaios, como ela se organiza e quem a comanda, ninguém deve saber.
Porém, ao ser criada em 1925 pelo operoso prefeito Otávio Rocha, nascia operosa, com músicos vindos da Argentina e da Itália. Não nascia do nada.
Sua história vem do início do século XX. Sabe-se que a estreia da primeira Banda de Música Municipal de Porto Alegre ocorre em 20 de setembro de 1912, data alusiva à Guerra Farroupilha, quando se distribuíram prêmios, “aos alunos de melhor nota” da Escola Municipal Hilário Ribeiro. O grupo fora organizado como um desdobramento das aulas de música ali oferecidas aos trabalhadores, a maior parte empregados do próprio Município em atividades como a capina das ruas. Da estreia até a última menção encontrada, em novembro de 1921, a banda seria ouvida em diversas ocasiões, eventualmente compartilhando espaço com bandas similares.
Ou seja, a banda não cai do céu como um raio no céu azul.
(*) Por Adeli Sell, professor, escritor e bacharel em Direito.
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