Relatório mostra o papel do setor bancário na destruição ambiental, com destaque para Banco do Brasil, Bradesco e Itaú.
Relatório da Coalizão Floresta e Finanças mostra que, desde 2018, o BB já concedeu mais de US$ 95 bilhões em crédito a empresas consideradas de alto risco de desmatamento, liderando ranking entre países da América do Sul, Sudeste Asiático e África. Em seguida vem o Bradesco, com US$ 14,5 bilhões, e o Itaú, com US$ 12 bilhões.
Estas cifras são mais uma demonstração do que foi dito por Leandro Lanfredi sobre a relação entre o setor bancário, o agronegócio e os desmatamentos. O BB é o principal banco do agro brasileiro, como ele mesmo se gaba, com uma carteira de crédito rural de mais de R$ 300 bilhões, sendo responsável por cerca de metade do desembolso total do Plano Safra todo ano.
Esses dados mostram que todo o discurso de “sustentabilidade” dos bancos cai por terra, pois o agronegócio como um todo está envolvido com o desmatamento, invasão de terras indígenas e outros crimes ambientais, como o mesmo relatório mostra para algumas das maiores empresas do setor, como Cargill, Bunge e JBS.
Apesar de ter capital aberto, o BB é controlado pelo governo federal, que tem a maioria das ações e a prerrogativa de indicar seu presidente, e se configura como um dos principais elos da aliança entre o estado brasileiro, isto independente de quem está no poder, e o agronegócio, garantindo crédito subsidiado para ampliar os lucros do setor.
O peso que o BB tem no financiamento do agronegócio, que anualmente gera sobrecarga nos trabalhadores para operacionalizar o Plano Safra, bem como a interligação do sistema financeiro com o agro, é cada vez mais o motor da economia nacional. Isso dá aos trabalhadores bancários um importante poder de fogo por sua posição capaz de travar este fluxo.
É a partir da consciência deste poder, sem ingenuidades quanto às dificuldades que existem para efetivamente exercê-lo, que os trabalhadores podem e devem atuar para a proteção do meio ambiente e dos povos originários, contra as queimadas que poluem o ar e atacam a saúde humana e animal, indicando um caminho para o verdadeiro combate à crise ambiental.