Reunido nesta quarta-feira (6), Comitê de Política Monetária definiu que a taxa básica de juros passa a ser de 11,25% ao ano. “Copom mantém a sabotagem à economia do país e eleva ainda mais os juros estratosféricos”, critica a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, reunido nesta quarta-feira (6), intensificou a sabotagem contra o país ao definir uma alta maior para a taxa básica de Juros (Selic), de 0,5 ponto percentual, para o patamar de 11,25% ao ano, trazendo mais dificuldades para o setor produtivo, os consumidores e a retomada do desenvolvimento. Em setembro, a taxa havia subido 0,25 ponto, para 10,75% ao ano, a primeira elevação desde agosto de 2022.
A decisão de hoje, incompatível para o ambiente de controle inflacionário no país, favorece apenas a multiplicação dos lucros do mercado financeiro, que exerceu forte pressão sobre a autarquia e esperava justamente esse nível de elevação da taxa.
Em nota divulgada após a reunião, o Banco Central, presidido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto, demonstra com clareza que trabalha para reverter os avanços sociais e econômicos registrados durante o governo Lula, apontando o aumento dos empregos e o aquecimento da economia como fatores de risco inflacionário. O texto afirma que o cenário “segue marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, o que demanda uma política monetária mais contracionista”.
Gleisi denuncia “sabotagem”
A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), criticou a nova ofensiva do BC. “Copom mantém a sabotagem à economia do país e eleva ainda mais os juros estratosféricos. Irresponsabilidade total com um país que precisa e quer continuar crescendo”, afirmou, pela rede social X.
Na mesma plataforma, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) compartilhou um vídeo no qual também condena a nova alta dos juros. “VERGONHA! Decisão do COPOM de aumentar a Selic em 0,5% é uma sabotagem contra o Brasil. A taxa já está em 11,25%, a segunda mais alta do mundo. Falam em cortar gastos públicos, mas só esse aumento vai significar R$ 25 bilhões a menos para saúde, educação, segurança. Defendem cortar direitos dos mais pobres para enriquecer ainda mais os rentistas! UM ABSURDO!”, disse o parlamentar, no texto que acompanha a gravação.
CNI cita “indignação”
Principal entidade do setor produtivo brasileiro, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nota condenando a decisão do BC. “A Confederação Nacional da Indústria (CNI) recebeu com indignação a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de aumentar a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual. Além de ser equivocado, o movimento de alta foi intensificado, já que Banco Central subiu o ritmo de aumento em 0,25 ponto percentual frente à reunião anterior”, diz o comunicado.
“Para o setor industrial, a decisão é extremamente conservadora e trará apenas prejuízos à atividade econômica, com reflexos negativos no emprego e renda para a população”, acrescenta a CNI, destacando que, no cenário doméstico, “o quadro segue sendo de controle da inflação”.
Além disso, a entidade afirma que o Banco Central segue na contramão da tendência mundial. “No cenário internacional, há clara tendência de afrouxamento dos juros. O Banco Central Europeu (BCE) promoveu em outubro o terceiro corte de juros de 2024. Na reunião desta semana nos Estados Unidos, a expectativa é que o Banco Central dos EUA (FED) promova o segundo corte do ano – e com previsão de que realize mais um até o fim de 2024. Assim, o novo aumento da Selic coloca o Brasil ainda mais na contramão da tendência global, se isolando ao lado da Rússia como os únicos países do G20 que estão subindo juros neste momento”, afirma a CNI.