Petroleiras gastaram U$ 17 milhões para dizer que sem petróleo e gás não há transição
De Baku, Azerbaijão — Um relatório recém divulgado da Ação Climática contra a Desinformação, uma coalizão de entidades ambientalistas, acusa as Big Techs de facilitarem a disseminação de fake news sobre a emergência climática.
De acordo com uma das conclusões, os ataques às energias renováveis ganharam tração nas redes sociais, inclusive com teorias de conspiração de que elas serviriam ao controle social:
Apesar de terem tido anos para limpar as suas plataformas, as Big Techs continuam a permitir que um pequeno número de “super-propagadores” poluam as suas plataformas com alegações mentirosas que atacam as energias renováveis e os veículos eléctricos.
Trump turbinou
Ao longo da campanha eleitoral dos Estados Unidos, Donald Trump repetiu fake news de seus apoiadores segundo as quais os cataventos da energia eólica atraem baleias para encalhar na praia por causa do barulho ou provocam cemitérios de pássaros.
Trump também disse que as fazendas de energia solar matam coelhos e afirmou que carros movidos a hidrogênio podem explodir.
Sobre os incêndios florestais, muito comuns nos Estados Unidos, o mote é outro:
As operações de desinformação exploram fenômenos meteorológicos extremos para alimentar a oposição às políticas de combate às mudanças climáticas.
Cabe lembrar o exemplo de Trump: ele disse em comícios de campanha que ambientalistas impediam a limpeza do material orgânico que se acumula nas florestas, contribuindo assim para os incêndios. Uma forma de negar que temperaturas extremas estão relacionadas ao fogo.
Tudo por dinheiro
O X, de Elon Musk, partidário de Donald Trump, é um dos principais disseminadores de fake news em geral, mas o estudo focou na Meta, que controla o Facebook e o Instagram:
As empresas de combustíveis fósseis continuam a utilizar a publicidade digital para lavar a sua imagem. Oito anunciantes de combustíveis fósseis pagaram a apenas uma plataforma, a Meta, pelo menos U$ 17,6 milhões de dólares por mais de 700 milhões de impressões no ano passado. Os anúncios que analisamos são greenwashing, apresentando os combustíveis fósseis como essenciais para a transição energética.