Após nota do ministro da Defesa atacando Luís Roberto Barroso, Bolsonaro mirou atual presidente do TSE, que é relator do marco temporal no STF, e disse que não cumprirá decisão caso saia derrotado no processo
Um dia depois do ataque do ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, a Luís Roberto Barroso, Jair Bolsonaro (PL) mirou o atual presidente do Tribunal Superior (TSE), Edson Fachin, relator da ação sobre o chamado “marco temporal” no Supremo Tribunal Federal (STF) em plateia de ruralistas na Agrishow, em Ribeirão Preto, na manhã desta segunda-feira (25).
Ao falar sobre a proposta de ruralistas sobre mais que dobrar a produção de trigo no país, passando de 20 milhões de toneladas do grão, Bolsonaro citou a ação, ainda em discussão no Supremo, que dá aos indígenas direitos sobre terras ocupadas por eles somente até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. Com a decisão, todos os territórios demarcados após essa data seriam colocados à disposição dos ruralistas.
Entenda: O que é o Marco Temporal? A tese furada dos ruralistas para se apoderar das terras indígenas
“Roraima não se desenvolveu no passado por causa da política da potencialização de reservas indígenas”, disse, emendando que “dentro do Supremo Tribunal Federal tem uma ação que está sendo levada adiante pelo ministro Fachin querendo um novo marco temporal. Se ele conseguir vitória nisso, me resta duas coisas: entregar as chaves para o Supremo ou falar que não vou cumprir. Eu não tenho alternativa”, atacou Bolsonaro, ouvindo aplausos dos ruralistas.
Em seguida, sugeriu que ministros do Supremo disputem a eleição a presidente da República como candidato da chamada terceira via.
“O que nós queremos dos poderes do Brasil é que olhem para o Brasil e não olhem para o poder. Cada um de cada poder se quiser disputar a presidência, tá aberto! Tem partidos ai oferecendo vagas. Quem sabe essa pessoa seja ‘a terceira via’ e vá negociar na base do paz e amor os nossos problemas“, ironizou.
Mais ao final, Bolsonaro voltou a atacar as urnas eletrônicas, motivo dos ataques do ministro da Defesa a Barroso, que declarou que há “repetidos movimentos para jogar as Forças Armadas no varejo da política”. Ao sugerir votos a candidatos apoiados por ele, Bolsonaro voltou a duvidar do sistema do TSE.
“Pode ver, todo parlamentar do PT, PCdoB, PSol não têm dúvida do sistema eletrônico. Eles confiam 100%. Parece impressionante. Por outro lado tem gente que confia também, né? Principalmente depois do aperto do presidente ou líder do partido. Então, vejam como votou no PEC do voto impresso”, disse Bolsonaro, que voltou a fazer a defesa de Daniel Silveira.
“O decreto da graça e do indulto é constitucional e será cumprido“, disse. “No passado soltavam bandidos e ninguém falava nada, hoje eu solto inocentes.”
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