Em live realizada nesta quinta-feira (6), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, que chamou o voto impresso de “caos”.
Bolsonaro, por sua vez, chamou o Brasil de “republiqueta” por utilizar urnas eletrônicas em eleições. “Acho que o recado está dado”, falou. E fez mais uma ameaça de golpe ao dizer que não haverá eleição presidencial, em 2022, sem o voto impresso.
“Eu acho que ele é o dono do mundo, o Barroso. Só pode ser. O homem da verdade absoluta, não pode ser contestado. Estou preocupado se Jesus Cristo baixar aqui na Terra, ele vai ser ‘boy’ do ministro Barroso”, afirmou. em que reiterou a possibilidade de “baixar um decreto” para proibir medidas restritivas contra a pandemia.
O Presidente disse que o voto por meio da urna eletrônica, que o elegeu em 2018, é “fraudado”, e chamou o Brasil de “republiqueta” por utilizar o mecanismo. “Ninguém aceita mais esse voto que está aí. Como é que vai falar que esse voto é preciso, legal, justo e não é fraudado? A única ‘republiqueta’ do mundo é a nossa, que aceita essa porcaria desse voto eletrônico. Tem que ser mudado. E digo mais: se o parlamento brasileiro aprovar e promulgar, vai ter voto impresso em 2022, e ponto final. Não vou nem falar mais nada. Vai ter voto impresso. Se não tiver voto impresso, não vai ter eleição. Acho que o recado está dado”.
A deputada Bia Kicis (PSL-DF) elaborou um projeto para determinar a impressão de cédulas em papel na votação e na apuração de eleições, plebiscitos e referendos no Brasil. Na terça-feira (4), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), determinou a criação de uma comissão especial para discutir a proposta.
Já o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, reagiu à ameaça de Bolsonaro de não realização das eleições de 2022 caso a Justiça Eleitoral não reimplante o voto impresso. Pelo Twitter, Santa Cruz disse que, apesar da ameaça de Bolsonaro, as instituição irão garantir a realização do pleito.
“O presidente deixou patente seu desejo de que não tenhamos eleição em 2022. Como Bolsonaro nunca foi um admirador da democracia, muito pelo contrário, é bom que fique claro para ele que as instituições vão garantir o processo eleitoral e sua lisura. Quer ele queira, ou não”, disse o presidente da OAB.
Luís Roberto Barroso
O ministro do STF e presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, disse que a aprovação do voto impresso criará um “desejo imenso de judicialização” do resultado das eleições e “o caos em um sistema que funciona muitíssimo bem”.
“O nosso sistema de voto em urna eletrônica é totalmente confiável”, declarou Barroso em entrevista à GloboNews, na quarta-feira (5).Afirmou que qualquer tema pode ser discutido e, no caso do sistema de votação, o Congresso é o lugar ideal para isso.
“Mas nós temos elementos mais do que suficientes para demonstrar a absoluta confiabilidade do sistema” falou. Barroso declarou ser “extremamente problemático” criar um sistema de voto impresso.
“Eu acho que o voto em cédula, inclusive é o que fala a proposta de emenda constitucional, mesmo o voto impresso pela própria urna, eu acho que seria extremamente problemática e mexeria num time que está ganhando”, declarou.
Sobre o desejo de judicialização, o presidente do TSE disse que “o voto impresso vai permitir que cada candidato que queira questionar o resultado peça a conferência dos votos”.
Barroso deu como exemplo as eleições de 2020 nos Estados Unidos. O então presidente e candidato à reeleição Donald Trump entrou com mais de 50 ações judiciais contestando o resultado que deu a vitória a Joe Biden.
Com informações de vários jornais