Fabrício Queiroz, ex-assessor do hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi preso no início da manhã desta quinta-feira (18) em Atibaia, interior de São Paulo. Ele estava escondido na casa do advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, que no dia anterior esteve com o presidente Jair Bolsonaro e participou da posse do novo ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD-RN). O homem que escondeu Queiroz tem trânsito livre no Palácio do Planalto.
Nas redes sociais, uma das hashtags mais postadas na manhã desta quinta é #ContaTudoQueiroz, em alusão a uma possível delação premiada que faria a família Bolsonaro desmoronar.
Fernando Haddad (PT), derrotado por Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais, manifestou-se nas redes sociais afirmando que a família Bolsonaro e o advogado Wassef cometeram crime de obstrução à Justiça, escondendo Queiroz. Vale lembrar que, há poucos dias, Wassef disse, em entrevista à Globo News, que não estava escondendo Queiroz.
Para evitar vazamento de informação, o delegado da Polícia Civil de São Paulo, Nico Gonçalves, disse que os policiais não sabiam quem iriam prender Queiroz na operação.
Queiroz foi levado para a unidade central da Polícia Civil na capital paulista, onde passou por exame de corpo de delito. De lá, foi levado para o Rio de Janeiro, já que o mandado de prisão foi expedido pela Justiça do estado do Rio.
A ação faz parte da Operação Anjo, que cumpre ainda outras medidas cautelares autorizadas pela Justiça, relacionadas ao inquérito que investiga a rachadinha, em que servidores da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) devolveriam parte dos seus vencimentos ao então deputado estadual Flávio Bolsonaro.
Queiroz era lotado no gabinete do parlamentar à época em que Flávio era deputado estadual. Na mesma época, a filha de Queiroz, Nathalia, tinha o ponto marcado como se estivesse trabalhando no gabinete de Jair Bolsonaro, então deputado federal, enquanto na verdade trabalhava como personal trainer no Rio de Janeiro.
O nome de Fabrício Queiroz consta em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que aponta uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta em nome do ex-assessor.
O relatório integrou a investigação da Operação Furna da Onça, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, que prendeu deputados estaduais no início de novembro do ano passado.
Contra outros suspeitos de participação no esquema (o servidor Matheus Azeredo Coutinho, os ex-funcionários Luiza Paes Souza e Alessandra Esteve Marins e o advogado Luis Gustavo Botto Maia), o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro obteve na Justiça a decretação de medidas cautelares que incluem busca e apreensão, afastamento da função pública, comparecimento mensal em juízo e a proibição de contato com testemunhas.
A Agência Brasil entrou em contato com a defesa de Queiroz, mas não obteve resposta.