As bandeiras são apontadas como a maior causa de mortes da população indígena, depois das epidemias. Junto destes bandeirantes havia muitos indígenas que foram jogados contra seus próprios irmãos.
Em abril de 2017, a Revista IstoÉ noticiou o massacre de índios pela ditatura militar. A reportagem aponta que “documentos obtidos mostram como a violência e a negligência do Estado nos anos de chumbo dizimaram oito mil crianças e adultos de diversas tribos”.
No Rio Grande do Sul, durante o levante farroupilha contra o Império houve o massacre/chacina dos Lanceiros Negros, num provável conluio entre líderes dos farrapos e imperialistas.
Em Porto Alegre, havia um pelourinho em que as pessoas, presas, sem defesa, eram seviciadas. A História dá conta de que 58 pessoas morreram no Largo da Forca, na capital gaúcha. Mas o desrespeito aos direitos humanos sempre foram uma prática nas guerras no Rio Grande do Sul assim como noutros estados brasileiros.
NaBatalha do Rio Negro houve degolas e barbaridades cometidas como noutros episódios. Já o Massacre do Carandiru, com 111 mortos, sem possibilidade de defesa,aconteceu a mando dos governantes e por ação da polícia. É triste lembrar, mas não se pode esquecer.
Em Eldorado dos Carajás, 26 trabalhadores foram chacinados.
Não cabe repetir dados recentes aqui, pois a mídia nacionaltem dado ampla cobertura a estes episódios de terror armando, oficial.
São dias para não esquecer; para quem tem alma e coração. Mas nem todos tem alma, nem coração. Muito menos tem cérebro para pensar.
Somos uma Nação de desmiolados, insensíveis, nos quais a Banalidade do Mal adentrou seu DNA.
Ouço um “cidadão de bem”numa livraria, aposentado de um grande banco estatal, dizendo-se escandalizado como a mídia internacional estava tratando do episódio da Vila Cruzeiro no Rio de Janeiro.
O senso comum é que ali estavam “marginais” que deveriam ter morrido mesmo.
Ninguém aqui e nem outro lugar vai defender a violência do mundo do crime, nem isentar suas facções. Porém, houve mais uma chacina policial.
Não podemos mais tolerar o que se passa no Brasil, incentivando os crimes de chacina, em nome do combate à violência, pois não há maior violência do que aquela que vem do poder sem controle.
O jornalista gaúcho Renato Dorneles nos legou o livro“Falange Gaúcha – O Presídio Central e a História do Crime Organizado no RS” para não deixar dúvidas sobreo mal do crime organizado, que, por sinal, tornou-se um crime econômico, como da situação dos presídios, dos quais poucos se salvam.
O último conflito em Porto Alegre deixou mais de duas dezenas de mortos entre facções, mas em vários casos começaram a aparecer mortos, claramente identificados como sendo obra das forças policiais, portanto de chacinas.
A polícia está matando. Há chacinas que são louvadas pelo senso comum e alardeadas nas redes pela extrema direita, como atos que vão salvar a humanidade do mal. Mas as mortes por chacinas são oriundas da banalidade do mal, aquilo que se introjetou nos seres humanos, a começar por suas polícias que, ao invés de proteger, matam, não se explicam, acobertam-se as maiores barbaridades, começando por seus comandos.
Não podemos mais tolerar o que se passa no Brasil, incentivando os crimes de chacina, em nome do combate à violência, pois não há maior violência do que aquela que vem do poder sem controle.
Nos Estados Unidos, começando pelos barões do Capital, um forte ataque ao partido democrata está em curso, como fizeram os macarthistas nos anos de 1950, como se este fosse responsável pelas mazelas locais. Defendem a supremacia branca, desprezam e querem se ver livres dos “estrangeiros”, negros, latinos, árabes etc.
É o que faz Orban na Hungria na atualidade, chamando o povo contra a imigração.
A chacina está sendo naturalizada por pessoas do povo, porque há um movimento orquestrado em nível internacional contra o “exército mundial” de párias e de reserva de mão de obradesempregada, de pobres; uma verdadeira diáspora.
Não bastassem todos estes barbarismos, temos quase um milhão de presos no Brasil, quase metade deles sem condenação.
A maioria dos presos são negros e pobres, entre 21 e 30 anos.
Os presídios estão cheios de presos sem provas, sem condenação, muitos por erros judiciais, por iniquidade das leis.
Nas ruas as pessoas podem ser chacinadas pelo local de moradia, cor da pele e pela pobreza.
Vamos seguir na luta pela dignidade da pessoa humana, em defesa das leis, contra o arbítrio, pela condenação dos criminosos, a começar por aqueles que tem armas na mão por sua posição, isto é, pelas polícias que se tornam o braço armado mais potente do crime contra as pessoas.
(*) Por ADELI SELL
bacharel em Direito, professor e escritor.
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