No sábado (22), o Coletivo de Mulheres Jornalistas do DF se reuniu para uma série de atividades em celebração ao mês de luta das mulheres. O evento aconteceu na sede do sindicato e contou com uma roda de conversa, a confecção de estandartes e o lançamento de uma pesquisa sobre assédios e condições de trabalho no jornalismo.

A volta dos encontros presenciais marca uma década de resistência e de lutas contínuas enfrentadas pelas jornalistas, com destaque para as questões de gênero que ainda afetam as profissionais da área.

Monalisa Coelho, de 28 anos, que está há dois anos em Brasília, destacou a importância do coletivo em sua trajetória. Formada há seis anos, com atuação em direitos humanos e assessoria em migração e refúgio, Monalisa contou que foi sua primeira vez no sindicato. “Busquei esse espaço dentro do coletivo, no sindicato, buscando pertencimento aqui em Brasília. Vinda de outro estado, me sentia um pouco deslocada, mas encontrei muito mais do que esperava: acolhimento, outros temas além do trabalho, e principalmente, o encontro com outras mulheres. Acho que é um espaço fluido e acolhedor, onde podemos compartilhar pautas de resistência e lutar por nossos direitos, respeito e nosso lugar no mercado de trabalho”, afirmou.

Para Jacira da Silva, a profissional com mais tempo de participação, o coletivo representa a luta diária das mulheres jornalistas. “Nossa organização significa a luta constante por dignidade e respeito no exercício da profissão. Como mulheres jornalistas, precisamos estar unidas, coesas, e com um projeto político que nos permita estar visíveis, com salários justos e reconhecimento, além de políticas públicas que enfrentem o sistema patriarcal e excludente”, explicou.

Renata Maffezoli, integrante da diretoria do Sindicato dos Jornalistas do DF desde 2013 e membro do Coletivo de Mulheres Jornalistas desde sua criação, em 2015, compartilhou um pouco da trajetória do grupo. “O Coletivo surgiu em 2015 como um espaço para debater questões de gênero e as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no jornalismo. Durante a pandemia, tivemos que nos afastar, mas agora estamos retomando as atividades de forma organizada, com encontros mensais e uma agenda de discussões”, contou.
A participação do coletivo no 8 de março tem sido uma constante desde 2015, com atividades focadas nas condições de trabalho das mulheres jornalistas, abordando questões como assédio moral e sexual, que impactam diretamente a profissão. A pesquisa lançada durante o encontro visa quantificar essas questões e compreender melhor a realidade das mulheres no jornalismo no DF.

Walesca Barbosa, escritora e idealizadora de um coletivo de mulheres negras jornalistas do DF, também participou do encontro. Ela ressaltou a importância do aquilombamento e da resistência coletiva. “O trabalho em grupo, tanto no virtual quanto no presencial, é uma forma de resistência e de nos fortalecermos. Estarmos aqui hoje fisicamente é uma celebração da nossa existência e da luta contínua para pautarmos nossas questões enquanto mulheres”, declarou.
Os encontros do Coletivo de Mulheres Jornalistas do DF acontecem duas vezes por mês, com um encontro presencial aos sábados e um encontro online durante a semana à noite.

