Jovens e adultos, de várias raças, etnias, gêneros e credos, oriundos das periferias e zona rural de São Luís; que, reunidos, dialogam sobre as necessidades e os problemas que os afetam, formam o “Coletivo Nós”. Em 2020, eles buscam incidir mais fortemente nas políticas públicas e na ideia de uma sociedade igualitária, por meio de um projeto ousado e diferente, o mandato compartilhado.
A proposta é fazer com que um grupo de pessoas possa concorrer a um mandato eletivo e realizar um processo coletivo de tomada de decisão ante as políticas públicas. O objetivo é despersonalizar o mandato político e ressignificar a cena política na capital, tendo a justiça social e a participação popular como princípios.
Nessa perspectiva, o “Coletivo Nós” realiza a ‘Live de lançamento da pré-candidatura à Câmara de Vereadores de São Luís’, nesta quarta-feira (8), às 19h, pelo Canal do YouTube ‘Coletivo Nós TV’, que pode ser acessado pelo link https://bit.ly/ColaComNos.
Durante a live, serão apresentados à população de São Luís os seis co-candidatos que compartilharão essa candidatura: Delmar Matias, Enilson Ribeiro, Eunice Cheguevara, Flávia Almeida, Jhonatan Soares e Raimunda Oliveira, assim como a ideia do mandato compartilhado, como funciona e as ações e projetos já desenvolvidos pelo Coletivo.
Cada um dos co-candidatos representa uma grande área da periferia urbana e rural de São Luís, um seguimento, bandeiras de atuação do coletivo. A proposta é dar voz e vez à periferia da capital nas áreas da infância e juventude, família, mulher, população negra, LGBTQIA+ e a agricultura familiar.
Nomes, como do professor e secretário de Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco Gonçalves, e do gestor escolar, Wilson Chagas, já manifestaram apoio ao projeto inovador do “Coletivo Nós”.
De acordo com o pré-candidato pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Jhonatan Soares, que é morador da área Cidade Operária/Cidade Olímpica, o Coletivo vem de uma necessidade, da angústia da juventude periférica de São Luís, sobretudo dos jovens inseridos e engajados na Pastoral da Juventude (PJ), com o cenário político na capital e nacionalmente.
“Esse é um período muito contraditório, com uma série de retrocessos e perda de direitos sociais, em relação ao campo progressista. Nesse contexto, o Coletivo traz à tona a própria Campanha da Fraternidade desse ano, que falava sobre políticas públicas, da necessidade do envolvimento das comunidades e pastorais nesta construção de uma agenda de direitos humanos, de acompanhar, provocar, e fazer o controle social. Outra coisa é o próprio mandato do Papa Francisco, que nos diz que a melhor forma da gente poder ajudar as pessoas é se envolvendo na política”, frisou.
Jhonatan falou, também, sobre as expectativas que tem o coletivo em relação à candidatura a vereança em São Luís e da construção de um processo onde todos os cidadãos tenham vez e voz, sem discriminação.
“Nossas expectativas são positivas, estamos construindo uma proposta que possa ter o nosso rosto: da periferia, zona rural, da juventude negra, homens, mulheres, LGBTs na Câmara dos Vereadores, e que essas pessoas se sintam parte, envolvidas no processo e que possam ocupar verdadeiramente o poder legislativo municipal. Na atual formação da Câmara, não vemos ser pauta a população negra, as comunidades quilombolas, a área rural ou mesmo as grandes periferias. Observamos, porém, ações assistencialistas e representantes que visitam essas áreas apenas no período eleitoral. A nossa população merece mais que isso!”, afirmou.
A co-candidata Raimunda Oliveira dos Santos, a “Raimundinha”, moradora do bairro da Matinha/Maracanã, que trabalha com agricultura desde cedo e atualmente cursa pedagogia, contou que recebeu o convite para contribuir com o mandato coletivo e sentiu-se motivada para participar do projeto e que tem boas perspectivas.
“Minha perspectiva com o coletivo é saber que vamos comungar e trabalhar pelas melhorias de nossas comunidades. Todas nós somos de comunidades pobres, sofremos e sabemos quais as principais necessidades presentes em cada região que moramos. Como moradora da área rural de São Luís desde os oito anos de idade, vejo que muita coisa desde a minha infância não avançou. Acredito que é possível construir e mudar a cara da área rural, valorizando mais a produção agrícola, respeitando os direitos das crianças e adolescentes que vivem sem esperança de futuro juntamente com suas famílias”, disse.
COMEÇO DA CAMINHADA
O “Coletivo Nós” iniciou sua trajetória no início de 2019, com reuniões semanais, pautadas nas necessidades e problemas presentes nas grandes comunidades urbanas e na zona rural. O projeto logo contou, também, com o incentivo e articulação do saudoso Padre Bráulio Ayres, que ousou sonhar com políticas públicas às periferias de São Luís.
Padre Bráulio faz parte desta história, convidou e reuniu a juventude da Pastoral da Juventude do Maranhão, com o propósito de incentivar e apoiar o Coletivo, para dar voz à juventude através do próprio jovem. Além do incentivo, participou como membro fundador do Coletivo, pois acreditava no sonho de uma política do bem comum, protagonizada pelas novas gerações.
A sobrinha de padre Bráulio Ayres, Elivania Estrela, revelou que a juventude era prioridade para ele. Ela contou que o tio falava da necessidade de caminhar junto aos jovens. “Meu tio, quando optou em ouvir a voz do jovem, despertou para o ‘fazer Política’ com “P” maiúsculo, uma política que fosse capaz de envolver a sociedade, compartilhar e comungar do mesmo objetivo. Ensinava aos jovens que não reforçassem projetos pessoais e antipopulares, a juventude não deveria continuar votando em políticos que tivessem sonhos individuais, que defendem grandes empresas e interesses particulares”, contou.
A partir daí o Coletivo foi tomando forma e conquistando novos apoiadores, que já somam mais de 100 pessoas (entre artistas, professores, estudantes e ativistas sociais) às suas ações e, sobretudo, ao projeto de mandato compartilhado, uma das principais iniciativas, que será destaque na live de lançamento da pré-candidatura
Membros do “Coletivo Nós” que vão compor a chapa para o mandato compartilhado