As reclamações sobre falta de medicamentos em todo o Brasil são cada vez maiores, principalmente devido ao alto número de contaminados pela Covid-19. A maior preocupação se refere a sedativos, anestésicos, bloqueadores neuromusculares e substâncias utilizadas na sedação e intubação de pacientes.
Em vez de se antecipar e planejar a distribuição de medicamentos, o Ministério da Saúde agiu passivamente e esperou o país chegar à beira do caos para anunciar que vai realizar uma licitação para a comprar o kit de intubação.
Isso é reflexo do descaso com que o governo Bolsonaro trata a área de saúde. Para se ter uma ideia, o Brasil está há um mês e meio sem ministro da Saúde. A pasta é ocupada interinamente pelo general paraquedista Eduardo Pazuello, que não tem nenhuma formação nem experiência na área.
O anúncio só foi feito durante reunião da Comissão Tripartite da saúde, na última sexta-feira (18), e atende a um pedido feito por secretarias estaduais e municipais de saúde, que alertaram para o possível desabastecimento dos remédios em meio à crise. Mas até agora nenhum medicamento foi adquirido pelo governo federal.
Um relatório do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) mapeou os estoques de medicamentos em unidades de saúde dos estados e apontou situação de desabastecimento de alguns produtos e risco de falta de outros nos próximos dias.
O estado de Mato Grosso foi o que apresentou mais itens em falta (13), seguido por Ceará e Maranhão (12), Amapá e Tocantins (11), Rio Grande do Norte (10), Roraima, Amazonas e Bahia (9) e Pernambuco (8). Os estados completamente abastecidos são Alagoas, Minas Gerais, Paraná, Piauí, Santa Catarina e Sergipe.
No caso de Mato Grosso, além dos 13 medicamentos indisponíveis nos estoques, nove só serão suficientes para atendimento da demanda prevista para os próximos cinco dias. Em Pernambuco, oito remédios estão em falta e nove devem acabar na semana que vem.
São Paulo, estado que tem a maior população do país e epicentro da pandemia de covid-19, tem apenas um item indisponível, mas há 14 medicamentos cujo estoque deve durar apenas cinco dias.
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Com informações da Agência Brasil e Brasil61