Dados do Censo da Educação Superior evidenciam subrepresentação da população negra dentro da academia
Apesar do avanço na inclusão de estudantes negros no ensino superior por meio da Lei de Cotas, esse cenário não se reflete em relação ao corpo docente das universidades. De acordo com dados do último Censo da Educação Superior, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apenas 21% dos professores universitários em exercício se declaram pretos ou pardos. Dentro desse cenário, apenas 2,9% se autodeclaram pretos.
Os dados foram analisados pela Fiquem Sabendo, organização sem fins lucrativos especializada em transparência pública, por meio da Lei de Acesso à Informação, e divulgados nesta terça-feira (19), às vésperas do Dia da Consciência Negra.
Esse cenário escancara a falta de representatividade de pessoas negras dentro da academia, o que dificulta que os próprios estudantes se identifiquem com as vagas para compor o corpo docente das universidades pelo país.
De acordo com a Fiquem Sabendo, os dados do Censo da Educação Superior de 2023 revelam um padrão nacional de contratações de professores. Com exceção da região Norte, os quadros docentes no Brasil são majoritariamente formados por autodeclarados brancos.
Composição do corpo docente universitário por região
Região Norte
- 43,3% pardos
- 37,7% brancos
- 4,4% pretos
Nordeste
- 38,7% brancos
- 31,4% pardos
- 4,4% pretos
Centro-Oeste
- 52,8% brancos
- 21,4% pardos
- 3,5% pretos
Sudeste
- 68% brancos
- 11% pardos
- 2,4% pretos
Sul
- 78,3% brancos
- 4,8% pardos
- 1,1% pretos
Em relação a diferença de docentes negros entre as universidades públicas e privadas, as proporção são de 3,4% dos professores se autodeclaram pretos e 18,2%, pardos nas faculdades federais; e 2,4% dos professores se autodeclararam pretos e 18%, pardos nas instituições privadas.
Outros dados sobre desigualdade racial
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) também divulgou uma série de dados nesta terça-feira (19) para retratar a desigualdade racial dentro do mercado de trabalho.
Os levantamentos mostram que o rendimento de pessoas negras chega a ser 40% menor que o de pessoas brancas, além delas serem a maioria entre as profissões mais mal-remuneradas. Os dados também destacam que a população negra é a maioria entre trabalhadores informais e desempregos.
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