Nas últimas semanas, os bancos têm enviado previsões mais altas para a taxa. Isso pressiona o Copom a elevar os juros
Dias depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevar a taxa básica de juros da economia nacional de 10,5% ao ano para 10,75% ao ano, economistas ligados a bancos elevaram ainda mais sua previsão para o patamar da Selic ao final deste ano. Até a semana passada, eles estimavam que o patamar fecharia 2024 em 11,25%. Agora, já estimam que suba até 11,5%, sendo que alguns estimam 11,75%.
As previsões estão registradas na última edição do Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (23) pelo próprio BC. Para elaboração do boletim, o BC compila expectativas enviadas por instituições financeiras.
Essas expectativas são consideradas pelo Copom para fixação da Selic. Nas últimas semanas, os bancos têm enviado previsões mais altas para a taxa. Isso pressiona o Copom a elevar os juros. Reforça também suspeitas de que o Focus pode estar sendo manipulado justamente para que o Copom seja ainda mais pressionado.
Baseado no Boletim Focus, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 10,5% ao ano em junho, quando economistas e governo cobravam uma redução. Naquela época, o programa ICL Notícias realizou um estudo sobre o Focus indicando a manipulação das previsões sobre inflação justamente para coibir um eventual corte da Selic.
Dias antes da última reunião do Copom, os bancos mudaram sua expectativa sobre a Selic ao final de 2024 de 10,5% para 11,25% ao ano.
O BC foi procurado algumas vezes pelo Brasil de Fato para comentar o caso. Nunca se pronunciou.
PIB e inflação
Nesta edição do Boletim Focus, os economistas dos bancos indicaram que preveem que a inflação feche o ano em 4,37% – estaria, portanto, dentro da meta de até 4,5% estabelecida para o índice em 2024. Na semana passada, a previsão era 4,35%.
Os mesmo economistas agora esperam que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresça 3% neste ano, superando a marca de 2,9% atingida em 2023. No começo do ano, eles esperavam que a economia nacional crescesse em torno de 1,5%.