Engenheiro agrônomo e fazendeiro reconhecido por sua luta em prol da reforma agrária, José Gomes usou a desapropriação de terras que não cumpriam a função social como seu principal instrumento para promover a reforma agrária
Nesta quarta-feira (7), os deputados federais Padre João (PT-MG), João Daniel (PT-SE) e o líder do PT, deputado federal Odair Cunha (MG), realizaram uma sessão solene na Câmara dos Deputados para celebrar o centenário de nascimento de José Gomes da Silva. Ele é reconhecido por seu trabalho em defesa da reforma agrária e da justiça social no Brasil. Programas governamentais como o Terra da Gente são influenciados por seu legado. José Gomes teria completado 100 anos em 12 de junho de 2024.
Participaram do evento José Graziano, filho do homenageado e diretor do Instituto Fome Zero, o ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, Paulo Teixeira; Renato Simões, Secretário Nacional de Participação Social da Secretaria-Geral da Presidência da República; César Aldrighi, Presidente do INCRA; Cedenir de Oliveira, representante do MST, além de filhos, netos e bisnetos de José Gomes, autoridades, representantes e movimentos sociais.
“Se temos conquistas a celebrar no âmbito do acesso à terra, elas são frutos de uma caminhada iniciada por José Gomes da Silva há cerca de 60 anos”, afirmou Padre João. Ele também reverenciou o filho de José Gomes ao dizer que “não existe fruto ruim de árvore boa”. “Temos muito a agradecer a essa família por tudo. Apresentar Graziano até fica redundante. Todos sabemos da sua grande contribuição na implementação do Fome Zero, no primeiro governo Lula, assim como seus grandes feitos enquanto diretor-geral da FAO”, concluiu o deputado, que preside a Frente Parlamentar Mista de Segurança e Soberania Alimentar e Nutricional e Combate à Fome.
José Graziano da Silva lembrou a trajetória de seu pai na luta pela reforma agrária. Ele falou sobre a paixão de José Gomes pela agricultura familiar, destacando a transformação de grandes latifúndios em áreas extremamente produtivas graças à diversidade de cultivos. “Para meu pai, a reforma agrária era criar espaços para a agricultura familiar”, afirmou Graziano.
Quem foi José Gomes da Silva
José Gomes da Silva, responsável por elaborar o primeiro Plano Nacional de Reforma Agrária da Nova República na década de 1990, coordenou a área de agricultura e reforma agrária do “governo paralelo” do Partido dos Trabalhadores (PT).
Nascido em 12 de julho de 1924, em Ribeirão Preto, formou-se na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (USP). Em 1959, assumiu o cargo de diretor do Departamento de Produção Vegetal na Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. Mais tarde, de 1982 a 1985, ocupou a Secretaria de Agricultura do governo paulista durante a gestão de Franco Montoro. Em 1964, convidado pelo General Castello Branco, presidiu a Superintendência de Política Agrária (Supra), um dos órgãos predecessores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Durante esse período, Gomes foi um dos principais redatores do Estatuto da Terra.
“Eis porque a Reforma Agrária deve ser, sim, um mutirão da terra, que engaje o Parlamento, para dar-nos respaldo legal; que motive o Executivo para propiciar-nos recursos; e mobilize o Judiciário fazendo cumprir a lei. A sociedade como um todo deve entendê-la e apoiá-la“, disse José Gomes da Silva.
“Eis porque a Reforma Agrária deve ser, sim, um mutirão da terra, que engaje o Parlamento, para dar-nos respaldo legal; que motive o Executivo parapropiciar-nos recursos; e mobilize o Judiciário fazendo cumprir a lei. A sociedade como um todo deve entendê-la e apoiá-la“. José Gomes da Silva