“Verdes mares”
Já teve tempos que com o aumento da área plantada de soja se chamavam os vastos compôs de “mares verdes”.
Quando da plantação de eucaliptos, pinus e acácias era “desertos verdes”.
Entre uma e outra, na concepção do senso comum vai um fosse do tamanho dos mares e dos desertos.
“Desertos verdes”
A expressão “deserto verde” é da década de 1960. Veio dos críticos que se preocupavam com os impactos ambientais causados por essas plantações.
Os impactos ambientais dos eucaliptos seriam:
- Ressecamento do solo
- Erosão
- Empobrecimento do solo
- Assoreamento de cursos d’água
- Redução da biodiversidade
- Secagem dos lençóis freáticos
- Inutilização do solo
A bem da verdade o tema que vem gerando polêmicas, e não está pacificado.
Sobre o pinus, por exemplo, vale citar:
“É uma besteira falar que o pinus prejudica a qualidade do solo. O que acontece, é que essas árvores toleram condições de solo muito pobre. Às vezes um tipo de solo que não nasceria nem capim, o pinus consegue se adaptar”, explica o pesquisador da Embrapa Florestas (Colombo, PR), João Antônio Pereira Fowler.
Sobre o plantio da acácia, a polêmica é maior, pois há afirmações que seu plantio pode causar alterações no solo, mas a espécie pode ser utilizada para recuperar solos degradados.
A situação no Rio Grande do Sul
CMPC
Em seu sítio eletrônico, a empresa é apresentada como a mais sustentável do mundo.
Talvez a melhor forma de saber seja conhecê-la de fato, agendando uma visita. Posso lhes dizer que será impactante, desde a segurança pessoal até as formas de tratamento de água e os outros resíduos, como sua utilização como fertilizantes.
A minha geração, posso garantir, ficaria impactada se adentrasse hoje em dia sua planta industrial na cidade de Guaíba, ás margens do Lago Guaíba, lado oposto de Porto Alegre. Pois nós fomos vítimas do fedor, do forte cheiro da Borregaard, nos 1970. Aquele fábrica se tornou famosa por um polêmico caso ecológico. Foi dali que surgiu com mais expressão o ambientalista Luzemberger que iniciou formas de tratamento modernas naquela planta industrial.
A CMPC quer comprar terras e produzir em mais 80 mil hectares.
ACÁCIA NEGRA
Segundo dados colhidos nas últimas duas décadas teria havido um decréscimo de 47% no seu plantio. Porém, desde 2023 esta situação teria começado a mudar. No entanto, ainda faltam dados oficiais.
Em 2023, um compromisso selado entre o Banco do Brasil e a Tanac, líder mundial no plantio de acácia negra, poderá impulsionar a retomada do cultivo da espécie no Rio Grande do Sul.
Com sede em Montenegro/RS e 23 mil hectares plantados com florestas próprias no Estado – o equivalente a 2 mil árvores por hectare –, a empresa garante a compra de toda a produção dos que investirem na cultura por meio dos financiamentos oferecidos pela instituição bancária.
Há estudos que ela entrou com força na pequena propriedade, levando a saída de jovens da produção familiar, indo formar uma vasta mão de obra nas fábricas de calçados.
PINUS E MÓVEIS
A indústria moveleira é muito exuberante no Rio Grande do Sul, uma das razões é o plantio do pinus.
Parte significativa vem dos Campos de Cima da Serra, o município de São Francisco de Paula ocupa o primeiro lugar com maior cultivo de pinus. Conforme dados de 2021, divulgados pela Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), são 38.577 hectares de plantações.
É muito importante que se atente para os dados disponíveis sobre o comportamento do seu plantio e a indústria moveleira.
A Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs) diz que temos mais de 2.400 empresas do RS e que registraram aumento no faturamento, nas exportações e na geração de empregos durante o primeiro trimestre de 2024.
Quanto às exportações, houve crescimento de 5,9%, com expressivo aumento nas compras de países como Chile, México e Emirados Árabes. São dados da Associação.
DEBATE
Como pudemos constatar neste item o Rio Grande do Sul continua como sempre foi: um Estado cindido, com profundas divergências e pouco debate.
Parece que continuamos divididos entre chimangos e maragatos, a insistência não é “chatice”, é real, empobrece qualquer visão e análise. É o velho “oito/oitenta”, é a mesma rixa do futebol, o Grenal.
RECUSA DA MESMICE E DO SENSO COMUM
Como nossos/as leitores/as podem observar, a gente se recusa a mesmice e o senso comum.
Em todos os nossos textos buscamos dados, informações, sempre de fontes oficiais, não deixando de questionar ou opinar.
A série continua. Os debates surgirão pela leitura, reflexão e retorno à redação.
(*) Por Adeli Sell, professor, escritor e bacharel em Direito.
*As opiniões dos autores de artigos não refletem, necessariamente, o pensamento do Jornal Brasil Popular, sendo de total responsabilidade do próprio autor as informações, os juízos de valor e os conceitos descritos no texto.