AGRICULTURA
Já falamos da grande onda migratória de agricultores que com suas terras exauridas foram para o Oeste de SC e o Sudoeste do Paraná, depois foram outros na busca de terras baratas do Mato Grosso para cima.
E, assim, o Rio Grande do Sul, foi perdendo mãos para trabalhar na lavoura. Pois, ainda há de se acrescentar o êxodo para as grandes cidades nos anos 70.
Temos casos nas proximidades de Porto Alegre que se produzia na pequena propriedade hortifrutigranjeiros, e a juventude foi para a fábrica de calçados.
PRODUÇÃO ORGÂNICA
No Rio Grande do Sul temos algumas manias de grandeza, mas não está longe da verdade ser o município de IPÊ a capital brasileira da agroecologia.
Em se tratando de arroz orgânico sabemos que os assentados dos Sem Terra são os maiores produtores da América do Sul.
Vamos abordar em breve o tema por aqui sobre a produção daqui.
Hoje, vamos tratar de um bom exemplo que vem da vizinha Santa Catarina.
PAULO LOPES/SC – E OS EXEMPLOS DA AGROECOLOGIA
Fiz uma entrevista com o agro ecologista Glaico José Sell – https://web.facebook.com/glaicojose.sell – do município de Paulo Lopes, há uns 60 km de Florianópolis. Neste município há uma vasta área de seu território no Belo Parque Estadual da Serra do Tabuleiro.
Sou filho de São Bonifácio, onde o Parque também ocupa um espaço.
Nesta região, mesmo com pequenos lotes, terra nem sempre tão produtiva, nos últimos tempos cresce a agroecologia, a piscicultura, aproveitando a quantidade enorme de acesso às águas, a apicultura, bem como o turismo rural e ecológico.
Mesmo com algum apoio das prefeituras como fornecimento de máquinas, com alguns financiamentos, como o Crédito Fundiário (antigo Banco de Terras), programa que, por sinal, nasceu em SC e se tornou programa nacional, a situação não é fácil.
Glaico me falou que nunca foi afeito à produção com venenos, mesmo tendo frequento do Colégio Agrícola, enveredou para o plantio orgânico e há 30 anos só produz orgânicos.
E sua maior preocupação é aquela que escutamos em todos os locais no meio rural: falta de mão de obra, dificuldade de pessoas aptas e que queiram trabalhar, como o problema da legislação trabalhista que é engessada para o meio rural, seguindo um padrão urbano.
Ele fala que se não houver mais incentivos e ajudas, as novas gerações não vão continuar a produção atual de seus pais. Glaico tem a felicidade de contar com filhos que aderiram ao projeto, podendo tocar a agroindústria que tem na sua propriedade que fica a 800 metros da cidade, a 1,4km da BR 101 – https://www.instagram.com/domnaturalorganicos/
Sobre os auxílios nosso agroecolista salienta a importância do Pronaf e dos programas estaduais, fundamentais para tocar empreendimentos desta natureza.
As vendas são realizadas na Feira da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, uma das mais antigas do país, como na sua propriedade. Parte da produção vai para o beneficiamento na sua agroindústria.
Em havendo sobras estas são enviadas a Cooperativa que participa em Santo Amaro da Imperatriz.
As necessidades apontadas são de aportes em tecnologias, financiamento, como respeito ás decisões da 3ª. Conferência Nacional de Economia Solidária:
- isenção de impostos para máquinas, implementos e matérias prima para a garantia destes produtos da agroecologia.
- criação de zonas especiais de venda em locais turísticos, centros de cidades, rodovias etc.
- Fortalecimento de todos os mercados institucionais.
Um tema que sempre foi e ainda é a dor de cabeça do produtor é a burocracia estatal, pois todos os processos deveriam estar no MDA, cuja vocação é tratar com os pequenos, tirando as funções do MAPA, para garantir certificações adequadas, sem enrolações e sem burocracia.
Queria enfatizar aqui o que foi relatada em relação à falta de mão de obra de um lado e o problema das constatações de pessoas para este setor da produção.
Como na Reforma Trabalhista de 2017 não havia uma voz forte na Câmara e no Senado para representar este vasto segmento da produção de alimentos.
Quem sabe que possa haver neste momento um parlamentar que terá que ser instigado para representar o pequeno agricultor que necessita contratar.
Se em algumas regiões o auxilio via Bolsa Família faz com que as pessoas, em especial, as mulheres se organizem e adentram o mercado do trabalho como tem sido o caso de dados que dispomos no Nordeste, no Sul acontece o contrário. Um tema para os sociólogos enfrentar.
Outro papo que tive para consolidar o que se passa em Paulo Lopes foi com a Jornalista Luz Dorneles, gaúcha, de Porto Alegre.
Ela me falou de algo que reforça a fala de Glaico que é de um “Central de Abastecimento” regional, para facilitar a entrega e a compra, não espalhada em várias pequenas feiras, o que aumenta trabalho e nem sempre a rentabilidade.
Outro elemento que a jovem jornalista me passou é a importância é se alimentar bem para viver com saúde, em comparação à comida com veneno que só aumenta.
QUAIS SÃO DOS DESTINOS DO RIO GRANDE DO SUL?
- AGRICULTURA EM LARGA ?
- USO DESENFREADO DE VENENOS CONTRABANDEADOS DA ARGENTINA?
- SOJA E MAIS SOJA?
- MENOS FRUTAS E VERDURAS?
- COMO FICA O DOCE ACABAXI DE TERRA DE AREIA?
- VOLTARÁ A MELÂNCIA EM ARROIO DOS RATOS?
Voltamos a insistir, o Rio Grande do Sul já tem grande produção de arroz orgânico!
Tem IPÊ como uma grande referência na agroecologia!
O que temos a aprender com a experiência de Paulo Lopes8/SC?
(*) Por Adeli Sell, professor, escritor e bacharel em Direito.
*As opiniões dos autores de artigos não refletem, necessariamente, o pensamento do Jornal Brasil Popular, sendo de total responsabilidade do próprio autor as informações, os juízos de valor e os conceitos descritos no texto.