A Região Administrativa, conhecida como Águas Claras – RA XX – foi criada a partir da Lei n.º 3.153, de 06 de maio de 2003, é composta basicamente por Águas Claras, Vereda Grande, Vereda da Cruz, Arniqueiras e Areal. Tendo um dos maiores crescimentos populacionais dos últimos anos e uma das maiores rendas per capita do Distrito Federal, essa região se destaca na arrecadação de impostos e ainda assim carece muito de atenção por parte do poder público. Vale ressaltar que existem na cidade microrregiões que não foram planejadas e consequentemente não possuem equipamentos públicos e instituições públicas que atendam a realidade da população local, como é o caso do Areal e de Águas Claras vertical por exemplo. Estas localidades apresentam necessidades e realidades destoantes o que demandaria ações públicas de reparação e justiça social.
A administração regional não comparece como deveria para desempenhar seu papel organizativo e estrutural, todos os habitantes deveriam ser acolhidos pelo seu programa de gestão, o problema é que na prática esse conceito não está funcionando. A região de Águas Claras dispõe de poucos equipamentos públicos que proporcionem acesso à cultura aos moradores, nenhum projeto que fomente ou potencialize a cultura e o desenvolvimento humano dos mesmos, inclusive considerando a pirâmide social e econômica de cada parte desta importante região administrativa.
Sentimos que é preciso que haja estímulo e estrutura para que a comunidade possa participar habitualmente de projetos e eventos culturais na perspectiva de obtermos avanços sociais e profissionais, não há como dar oportunidade sem a cultura em suas várias formas de manifestação, inclusive os números da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio (PDAD) mostram que Águas Claras é a região administrativa do DF com o maior número de moradores com ensino superior completo ou em andamento. Os dados ainda mostram que cerca de 56,5% dos moradores concluíram, além do ensino superior, algum tipo de especialização como mestrado e doutorado. São dados relevantes, que precisam de atenção, a cultura acadêmica pavimenta o desenvolvimento social de qualquer povo, mas precisamos também de teatro, cinema, batalhas de rima, música, auditórios, folclore e tudo que traga o prazer que a cultura proporciona.
Os moradores poderiam ser submetidos a uma consulta pública para que às necessidades das microrregiões fossem apresentadas em sua plenitude pelos maiores interessados, com a intenção também de valorizar os artistas e promotores culturais.
Estamos enfrentando um momento atípico, onde o estrago causado pelo Covid-19 nos amedronta com milhares de mortes e também com um forte desequilíbrio da economia. Os profissionais da cultura foram uma das primeiras categorias a sofrerem os graves impactos da pandemia, onde shows e apresentações foram cancelados e pra piorar o momento político é bastante conturbado com muitas indefinições para o setor. Eis que no fim do túnel surgiu uma luz, justamente na Comissão de Cultura da Câmara, através da Dep. Federal Benedita da Silva (PT-RJ) que apresentou o projeto de lei 1075/20 de origem suprapartidário, que visa ações emergenciais para socorrer o setor cultural com cifras que chegam aos 3 bilhões de reais. Gratamente denominada de Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, agora está tramitando no Senado e os três Senadores pelo Distrito Federal já sinalizaram que apoiarão a iniciativa, é possível que em breve o texto possa ir à sanção presidencial. Esperamos que o governador Ibaneis Rocha (MDB-DF) articule e trabalhe incansavelmente para que estes recursos cheguem e sejam utilizados da melhor maneira possível, ouvindo a classe artística e fornecendo a estrutura necessária ao desenvolvimento cultural.
Kleber Santos é especialista em Gestão Pública