Há sinais no ar de que o presidente Jair Bolsonaro não governa de fato, apesar de oficialmente ser o chefe de estado e de governo.
Neste momento de pandemia provocada pelo coronavírus, esses sinais ficam cada vez mais claros. O principal diz respeito à estratégia a ser desenvolvida para combater a propagação do vírus e a letalidade da doença.
Enquanto mais de 150 países e a própria Organização Mundial de Saúde indicam o isolamento social – ou seja, que todas as pessoas fiquem em casa, deslocando-se o mínimo possível –, Bolsonaro defende que apenas idosos e doentes graves sejam isolados. Todas as demais pessoas poderiam circular livremente. Como ele tem feito quase que diariamente, inclusive coçando o nariz e cumprimentando senhoras na rua.
Enquanto isso, no Palácio do Planalto, o ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto, assume o status de presidente operacional. Em outras palavras, é ele que governa, coordenando as ações dos ministérios, como é o caso do recém-lançado Programa Pró-Brasil, para após a suspensão do isolamento social e consequente retomada das atividades no país.
Os momentos de crise gerados pelo presidente, no constante enfrentamento ao Congresso Nacional, sendo o mais recente a participação em atividade de rua, que pedia a volta do AI-5 e o fechamento do Congresso, mostra o desespero e despreparo de um presidente que não governa.
Mas, ao contrário do que ele diz, não é por causa dos parlamentares, do judiciário ou dos militares. A causa reside nele mesmo, pois vive em campanha eleitoral permanente, criando inimigos externos – China, por exemplo – e inimigos internos – os governadores e, para variar, o PT. Todos estão vendo que ele só sabe funcionar criando conflito. É bom lembrar que, quando tenente do exército ele ameaçou colocar bombas em quartéis e na represa do Guandu, no Rio.
Boa parte da sociedade já percebeu essa sua vocação antidemocrática e terrorista, levando a aumentar o sentimento de frustração com o governo, mesmo entre aqueles que nele votaram. Os próprios militares o consideram uma batata quente em suas mãos e já não sabem mais o que fazer com ele.
Por enquanto, o Fora Bolsonaro ganha força nos panelaços que ocorrem quase que diariamente em todos os estados e nas redes sociais e, durante o isolamento social, não haverá povo nas ruas pedindo Fora Bolsonaro. Mas tudo indica que esse movimento poderá adquirir muita força, quando for suspensa a quarentena.
Bolsonaro está se mostrando um grande risco para a democracia e para o desenvolvimento do país.
Alguma coisa precisa ser feita, com respaldo do povo brasileiro, para evitar que o país caia no abismo.