Processo de solicitação de asilo será iniciado após governo da Venezuela realizar negociações diplomáticas com Madri em prol da ‘tranquilidade política’ em Caracas
Edmundo Gonzalez Urrutia, ex-candidato de oposição a presidente da Venezuela, chegou à Espanha a bordo do avião da Força Aérea Espanhola que pousou na base militar de Torrejón de Ardoz, em Madri, neste domingo (08/09).
O representante da Plataforma Unitária Democrática (PUD), de extrema direita, deixou Caracas em busca de asilo político pelo governo espanhol. González Urrutia, de 75 anos, tinha um mandado de prisão pendente na Venezuela por vários crimes, incluindo “incitamento à desobediência” e “conspiração”, ligados aos protestos ocorridos após as eleições presidenciais e à publicação de atas eleitorais falsas, após acusar fraude no pleito de 28 de julho e não respeitar a reeleição de Nicolás Maduro, com 51,2%, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Com sua chegada, o processo de solicitação de asilo será iniciado e a resolução deve ser favorável, como parte do compromisso espanhol com a proteção dos direitos políticos dos venezuelanos.
A saída de González da Venezuela ocorreu cinco dias após o Ministério Publico (MP) emitire um mandado de prisão contra ele, relacionado à publicação online de resultados eleitorais falsificados. Ele foi acusado de usurpação de funções, falsificação de documentos públicos, conspiração, entre outras acusações.
Antes da confirmação de que González havia deixado o país, a vice-presidente executiva da Venezuela, Delcy Rodríguez, afirmou por meio das redes sociais que o governo venezuelano havia concedido a ele os salvos-condutos necessários. A medida, segundo Rodríguez, foi tomada em prol da paz e da tranquilidade política no país.
Pronunciamento do Ministério Público
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, discursou após a partida de González para Madri, e ratificou o “respeito absoluto” pela decisão do presidente Nicolás Maduro de conceder salvo-conduto ao opositor.
Da sede do Ministério Público, o alto funcionário venezuelano também indicou que o MP “teve conhecimento em primeira mão do exato momento em que González entrou na embaixada espanhola em Caracas”, onde passou alguns dias antes de partir para o país espanhol.
“Depois fomos informados pelas autoridades venezuelanas do pedido de asilo por ele apresentado, no âmbito do direito internacional dos direitos humanos e das relações diplomáticas entre os Estados”, declarou.
Da mesma forma, o representante do MP afirmou que os governos da Espanha e da Venezuela concordaram em conceder passagem segura a González para que pudesse sair do país e aproveitar o asilo concedido pela Espanha.