Professores goianos relatam as dificuldades de trabalhar de forma remota. Governo colocou profissionais da educação entre as prioridades de vacinação e, com isso, a expectativa é retomar as aulas presenciais no segundo semestre
Já são meses em trabalho remoto, mas as dificuldades dos professores em Goiás – como em todo o país – permanecem inalteradas. Diante de um governo federal que falhou gravemente e demorou para buscar vacinas para os trabalhadores e trabalhadoras, a realidade da educação é temerosa, como relataram educadores ouvidos aqui: “As dificuldades se apresentam de ambos os lados. Muitas vezes são os pais que não dão a devida atenção a realização das atividades com as crianças, as vezes também porque têm um único celular em casa para atender a mais de um aluno. Outras vezes a dificuldade também está por parte de quem auxilia a criança, em alguns casos a criança fica com os avós que não são alfabetizados, então não conseguem orientar a criança. E no caso de nós professores, que muitas vezes temos a dificuldade com a rede de internet e até a falta de habilidade com os recursos tecnológicos para dinamizar as aulas, tivemos que nos adaptar e aprender usar aplicativos entre outras para não tornar as aulas mecânicas e envolver mais os alunos”.
A descrição acima é de Ana*, professora da rede pública municipal de Luziânia. Outra educadora também relatou como tem sido desafiador lidar com as diferentes realidades das famílias: com as aulas online, as atividades são enviadas pelo celular (whatssap), e as famílias tem a opção de buscar na escola. Assim, os professores precisam gravar as aulas, preparar o material e estar disponíveis para chamadas de vídeo e outros contatos para ajudar os pais e alunos.
Além disso, é preciso lidar com as falhas da tecnologia, como as frequentes faltas de acesso à internet, que ocasionalmente deixam os próprios professores sem comunicação.
De acordo com o Sintego, o Sindicato dos Profissionais da Educação em Goiás, “os professores estão realizando as mais diversas dinâmicas para manter o ensino de qualidade”. Além disso, os servidores administrativos “continuam indo às instituições e mantendo as escolas abertas para a entrega dos kits alimentação e demais atendimentos”.
O sindicato segue com o entendimento de que só será possível retornar às aulas presenciais com os profissionais vacinados, a fim de resguardar a saúde de toda a comunidade escolar. Ainda conforme a entidade sindical, “Os profissionais anseiam pelo retorno, inclusive pois tiveram que se adaptar ao ensino remoto de uma hora pra outra e o estão trabalhando muito mais, ao contrário do que muitos pensam”.
O que esperar do retorno ao funcionamento das escolas de forma normal, previsto para o segundo semestre deste ano?
“No presencial o trabalho vai ser bem árduo para os professores, alunos e também as famílias, para juntos recuperarmos”, afirmou uma das professoras ouvidas. Para muitos estudantes, será preciso uma recuperação intensa para equilibrar os conteúdos não assimilados. Outra educadora prevê a necessidade da “disponibilidade de auxiliares de educação que possam intercalar o trabalho com o professor, como se fosse aulas de reforço, fazendo grupos de estudo por agrupamento e dificuldades quando as aulas presenciais retornarem”.
Se está difícil agora, os próximos períodos vão exigir dos profissionais da educação um esforço acima do normal para evitar maiores prejuízos à geração de estudantes da pandemia. E que o governo federal seja mais responsável no enfrentamento às crises do momento.
*Nome fictício para preservar a identidade da educadora.