Declaração da ministra presidente do TSE ocorre um dia após candidato jogar uma cadeira no adversário, ao vivo, durante debate em São Paulo
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, afirmou que cenas de agressão estão sendo vistas nestas eleições e que “espera que os próximos 20 dias sejam diferentes”. A declaração foi feita em Belo Horizonte, durante uma palestra para estudantes da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) nesta segunda-feira (16 de setembro), um dia após José Luiz Datena (PSDB) agredir Pablo Marçal (PRTB) com uma cadeira durante um debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo.
Cármen Lúcia iniciou seu discurso abordando sobre violência nas eleições. “Nós temos visto cenas e cenários de agressão, de falta de comunicação. Mas isso tudo somos nós, nós é que fazemos que haja mais ou menos democracia nos nossos espaços. Nós construímos isso”, disse, em um auditório lotado de alunos de direito e jornalismo da universidade, que fica na região Noroeste da capital mineira. A ministra não mencionou especificamente o episódio entre Datena e Marçal e também não concedeu entrevistas.
Antes da fala dela aos estudantes, o reitor da PUC Minas, professor doutor Padre Luís Henrique Eloy e Silva, fez referência à agressão ocorrida no debate de São Paulo. O reitor concluiu seu discurso dizendo: “que nossos olhos não apenas vislumbrem, mas também promovam o diálogo, para evitar cenas como a que vimos neste fim de semana, em que um candidato usou uma cadeira para agredir o outro pela primeira vez em rede nacional”.
De 2012 a 2014, Cármen Lúcia já tinha presidido o TSE. Na manhã desta segunda (16 de setembro), ela brincou que está “pagando pecados” de outra vida por ocupar o cargo outra vez. “Eu não devo ter sido muito boazinha na outra (encarnação), porque estou pagando pecados que não são dessa, para duas vezes presidir eleição municipal com os problemas que aparecem por aqui. São eleições difíceis”, avaliou, ao complementar: “eu espero que esses próximos 20 dias sejam completamente diferentes e que o domingo 6 de outubro seja um dia de alegria democrática”.
Eleições municipais
Durante a palestra em Belo Horizonte, Cármen Lúcia afirmou que – pelo menos até recentemente – as eleições municipais sempre despertavam mais emoções do que as nacionais. “No Brasil, até 2018, e principalmente até 2022, dizia o ministro Sepúlveda Pertence: ‘eleições gerais são um passeio, o problema são as eleições municipais’”, comentou a ministra, que é mineira, nascida no Norte de Minas.
A ministra presidente do TSE ainda acrescentou: “não se brigava, não se matava, não tinha inimizade por causa de um presidente da República, de um candidato, mas é comum na história brasileira, infelizmente, que haja muita agressão e até violência, como nós estamos vendo atualmente, por causa do vizinho, que é seu compadre, candidato a vereador, e agora estão falando mal dele”.