Diante das pressões do capital financeiro por alta da Selic, presidenta do PT aponta efeitos nocivos dos juros sobre a economia e o orçamento: “São esses juros, pagos aos banqueiros, que de fato pressionam o equilíbrio fiscal de que tanto falam”
Em meio às pressões do capital financeiro para que o Banco Central aumente a taxa de juros, em movimento especulativo que vai na contramão do mundo, o Comitê de Política Monetária (Copom) se debruça sobre a taxa Selic em reuniões nesta terça (17) e quarta-feira (18). Diante da ameaça de mais uma decisão que prejudicará a economia popular, a presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann, fez uma advertência à diretoria da autarquia, em um chamamento à razão. Nas redes sociais, Gleisi apontou que só há um caminho para a cúpula do BC: retomar o ciclo de cortes na taxa Selic.
“A única decisão sensata que o Copom pode tomar amanhã é reduzir a taxa básica de juros”, alertou a petista. “No mundo capitalista inteiro os juros estão caindo, por que aqui seria diferente?”, indagou.
A presidenta do PT citou exemplos de como a taxa básica de juros gera impactos negativos, não apenas na economia, mas também no orçamento federal. “Aumentar 0,25 ponto na taxa Selic, como exige o mercado, custaria mais R$ 1 bi por mês”, ressaltou Gleisi. “São esses juros, pagos aos banqueiros, que de fato pressionam o equilíbrio fiscal de que tanto falam. E é o dinheiro que falta para enfrentar emergências, por exemplo”, destacou,
Ao mencionar o orçamento, Gleisi escancarou a ganância do mercado, que defende cortes previdenciários em nome da responsabilidade fiscal, sempre em detrimento dos mais pobres.
“O país gasta quase R$ 100 bi por mês com juros da dívida, que crescem com a taxa Selic”, observou a petista. “Isso é 7,7% do PIB no valor anualizado. Com um mês desses juros daria para pagar quase um ano de BPC a 6 milhões de idosos e deficientes físicos”, comparou.
Risco inflacionário inexistente
Gleisi também fez referência à inflação, que está não apenas sob controle, como não oferece riscos, por não ser de demanda. Tanto que a equipe econômica do governo não considera que a estiagem, por exemplo, terá efeitos duradouros sobre as safras. “Expectativa de aumento de preços por desastres naturais não se enfrenta com juros, nem mesmo pela cartilha dos neoliberais”, definiu.
Por fim, Gleisi chamou a atenção para o fato de que o país possui uma taxa de juros real na estratosfera, razão pela qual o capital financeiro já lucrou o suficiente no mandato do bolsonarista Campos Neto à frente do BC.
“A maior taxa de juros reais do planeta é hoje o maior obstáculo ao crescimento da economia e ao bem-estar da população. Por mais “autônomo” que pretenda ser, o BC não pode submeter o país e o povo à ganância dos rentistas”, concluiu.