Ainda em Nova Delhi, na India, depois de assumir a presidência do grupo G-20, dos vinte países de maior PIB do mundo, Lula aproveitou que aquele encontro de cúpula reunia representantes de parcela tão substancial de povos tão preocupados com a sobrevivência da vida humana num planeta devastado pela irresponsabilidade ambiental e pela ganância neoliberal, e desfez um grande equívoco espalhado de propósito e com premeditação na mídia internacional e nas redes sociais sobre supostos planos da Petrobrás de explorar petróleo “na foz do Amazonas”, com grandes e irreversíveis danos ecológicos para a Floresta Amazônica.
– É uma exploração a 575 quilômetros da margem do Amazonas – explicou Lula. – Não está à margem do [rio] Amazonas.
Bem antes das fakenews sobre a foz do Amazonas, além disso, a Petrobrás já tinha informado que o primeiro poço exploratório do potencial dessa nova fronteira petrolífera atingiria 2.880 metros de profundidade de lâmina d’água e estava situado a mais de 160 quilômetros de distância do ponto mais próximo da costa, na faixa brasileira da chamada Margem Equatorial do Atlântico – faixa de mais de 2.200 quilômetros de extensão entre o Rio Grande do Norte e o Amapá.
Do Amapá em diante, a Margem Equatorial passa, de leste para oeste, pela Guiana Francesa, pelo Suriname e pela Guiana.
A Guiana, por sinal, foi o primeiro país em que se descobriu petróleo na região, ainda em 2015, numa área de exploração da norte-americana ExxonMobil. Nos oito anos seguintes a produção cresceu tanto que em 2023 a Guiana já tinha reservas de 11 bilhões de barris – equivalentes a cerca de 75% das reservas de petróleo do Brasil, 14,8 bilhões de barris. Além disso, a Guiana, uma das menores economias da América do Sul, teve o maior crescimento do mundo no ano de 2022, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), graças à exploração de petróleo e gás natural na Margem Equatorial, e para os próximos anos sua expectativa de crescimento é de 25% – três vezes o espantoso crescimento da China em seus melhores anos.
Esse crescimento, que poderia parecer tão promissor para o futuro da Guiana, tem um outro lado, que é assustador: a Exxon, bem em sua tradição nunca desmentida, está explorando predatoriamente esse petróleo muito mais barato que o do Oriente Médio, por exemplo, por seus custos militares.
Já a Petrobrás operaria de maneira sensata e sustentável suas reservas no trecho brasileiro da Margem Equatorial, até porque seu objetivo maior hoje é muito mais que abastecer o mercado brasileiro, é investir os ganhos do petróleo na transição para uma política de fontes energéticas alternativas que gradativamente mas rapidamente substituam os derivados de petróleo por combustíveis não-poluentes e na mesma medida deixem o petróleo como insumo para a indústria petroquímica.
Nessa entrevista em Nova Delhi, Lula anunciou sua decisão sobre a polêmica entre a Petrobrás e o Ibama, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, que exige mais análises de possíveis danos ambientais antes de liberar a exploração dessas reservas: os estudos serão conduzidos e, dependendo dos resultados obtidos, será tomada uma decisão sobre a exploração.
– O Brasil – disse Lula – não vai deixar de pesquisar a Margem Equatorial. Se encontrar a riqueza que pressupõem-se que exista lá, aí é uma decisão de Estado se vai explorar ou não. Mas, veja, é uma exploração a 575 km da margem do Amazonas. Não está à margem do [rio] Amazonas. Você não pode ser proibido de pesquisar. Se tiver o que se imagina que tem lá, você pode discutir se vai utilizar ou não, se vai explorar ou não, mas pesquisar a gente vai pesquisar.
Dias depois, já no Brasil, ao anunciar o programa “Combustível do Futuro”, Lula afirmou que a produção de biocombustíveis e a transição energética caracterizam uma oportunidade sui generis para o Brasil se tornar uma “nação grande, rica e soberana”:
– O mundo não tem outra saída a não ser enveredar por esse caminho da produção de combustível limpo … Este país é grande, mas durante muitas décadas ele teve vocação para ser pequeno, teve medo de crescer, medo de ousar, medo de acreditar na sua própria força. A natureza de um lado e a irresponsabilidade do ser humano do outro, de tanto desmatar o planeta e de tanto destruir o planeta, está dando uma nova chance ao Brasil … a gente pode se transformar em uma coisa tão ou mais importante do que o Oriente Médio é para o petróleo, a gente pode ser para os combustíveis renováveis.
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993); A História da Petrobrás (2023). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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