Seminário acontece na Biblioteca Brasiliana e reúne acadêmicos indígenas para debater o acesso a USP
Dia 9 de agosto é comemorado o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Neste contexto, será realizado nos próximos dias 19, 20 e 21 o seminário Presença e Ausência Indígena na USP. O evento marca a primeira atividade de um dos projetos de pesquisa selecionados pelo único edital de apoio a pesquisadores indígenas feito pela Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP). Organizado pelo doutorando em Antropologia e ativista indígena Emerson Souza, o evento visa fortalecer o diálogo entre a Universidade e os povos originários.
Souza, de origem Guarani Nhandeva, ingressou no programa de pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS-USP) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) por meio deste edital. Lançado em 2023, este foi o primeiro voltado para pesquisadores indígenas. Duas vagas foram para mestrado e duas para doutorado e doutorado direto com início em 2024. O seminário é um desdobramento do projeto Presença e Ausência Indígena na USP, de Emerson Souza.
Emerson Souza, Guarani Nhandeva – Foto: Arquivo pessoal
O evento será realizado das 14 às 22 horas, com os dois primeiros dias no Auditório da Biblioteca Brasiliana e o encerramento na Sala 14 do Prédio das Ciências Sociais e Filosofia, das 14 às 17 horas. A abertura e o encerramento contarão com um ritual realizado por comunidades indígenas da Grande São Paulo.
Para participar, é necessário se inscrever gratuitamente pelo formulário on-line.
O seminário contará com a presença de líderes, pesquisadores indígenas e membros do corpo docente e discente da USP. O objetivo é entender como aumentar a presença indígena na Universidade e torná-la um espaço mais receptivo. O evento também recebe apoio do Movimento Levante Indígena da USP, Centro de Estudos Ameríndios e Museu de Arte Contemporânea da USP.
“O objetivo do evento é dar continuidade às ações afirmativas na Universidade de São Paulo, tendo em vista o histórico de lutas. Nossa intenção é que a USP crie um vestibular indígena ou reserve vagas para os povos originários. A USP está atrasada nesse debate, enquanto outras universidades no Brasil já avançaram nessa questão. É preciso criar um vestibular e concurso que de fato incluam os indígenas nos departamentos ”, destaca Emerson Souza.
O primeiro encontro sobre a presença indígena na Universidade foi realizado pelo Departamento de Antropologia em 2013, o que originou iniciativas como a Rede de Atenção à Pessoa Indígena do Centro Escola do Instituto de Psicologia (Ceip) e a criação, em 2016, do Movimento Levante Indígena na USP. Apesar disso, de acordo com o Anuário Estatístico da USP, em 2023, dos mais de 101 mil alunos matriculados na USP em graduação, pós-graduação e pós-doutorado, apenas 137 são indígenas, representando aproximadamente 0,13% do total de alunos. Apenas cinco pós-doutorandos matriculados na USP em 2023 se autodeclararam indígenas. Em relação ao corpo docente, de acordo com o mesmo anuário, não havia em 2023 nenhum professor indígena na USP, sênior ou contratado.
Entre os convidados do encontro estão Tiago Nhandewa, Cristiane Takuá, Amanda Pankararu, Marcia Mura, entre outros. A plenária final do seminário pretende instituir um Comitê de Acesso Indígena na USP, já indicado em diálogos entre o movimento indígena e a reitoria.
*Estagiário sob supervisão de Tabita Said
Entre os convidados do encontro estão Tiago Nhandewa, Cristiane Takuá, Amanda Pankararu, Marcia Mura, entre outros. A plenária final do seminário pretende instituir um Comitê de Acesso Indígena na USP, já indicado em diálogos entre o movimento indígena e a reitoria.
*Estagiário sob supervisão de Tabita Said