Belluzzo cita estudos que mostram papel do Estado na criação de empresas na China e nos EUA e desmistifica ‘poupança’
Em imperdível artigo publicado em CartaCapital sobre “A União Europeia e sua economia”, Luiz Gonzaga Belluzzo aborda a questão do desenvolvimento na China e nos EUA. O economista recomenda a leitura de Entrepreneurial State (O Estado empreendedor: Desmascarando o mito do setor público vs. setor privado), de Mariana Mazzucato, e de Subsidies to Chinese Industry: Capitalism, Business Strategy and Trade Policy, de Usha Haley e George Haley.
“Os Haley tratam das relações entre as empresas e as políticas governamentais na China recorrendo a uma exaustiva investigação empírica, sem apelar para o blablablá ideológico e, não raro, hipócrita, da falsa oposição entre Estado e Mercado, leia-se, entre concorrência e planejamento de longo prazo na experiência mais fascinante do capitalismo contemporâneo”, relata Belluzzo.
Ao tratar das relações entre Estados nacionais, sistemas empresariais, programas de inovação tecnológica e a “inserção internacional”, Mazzucato e os Haley chamam atenção para as relações entre as empresas e as burocracias civis, militares e de segurança encarregadas de fomentar e administrar o sistema de avanço tecnológico (P&D).
Mazzucato desmascara o mito dos “gênios da garagem” nos Estados Unidos e “reduz a pó as lendas marqueteiras que celebram o papel do venture capital’. A economista, professora na University College London (UCL), descreve o roteiro para o sucesso da Apple de Steve Jobs e seus iPads e iPods, em que “a ação do Estado não só garantiu o abastecimento do capital paciente e capaz de encarar o risco da inovação, mas também ajudou a coordenar as relações entre a grande empresa integradora e seus fornecedores”. Muitas das tecnologias mais marcantes dos aparelhos da marca da maçã são fruto de pesquisas financiadas pelo Estado norte-americano, como a tela touchscreen e o assistente virtual acionado por voz Siri.