Estados Unidos são um aliado histórico de Israel. Conselho de Segurança se reúne nesta terça. Ainda não está claro se o rascunho vai ser votado. Até agora, os EUA vinham se opondo ao emprego da expressão cessar-fogo nas resoluções da ONU
Pela primeira vez, os Estados Unidos vão propor um texto para uma resolução do Conselho de Segurança da ONU com um pedido de um cessar-fogo na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, informou a agência Reuters nesta segunda-feira (19).
A proposta foi divulgada um dia depois que Israel sinalizou que invadiria Rafah, no sul da Faixa de Gaza, no início do Ramadã, se o Hamas não libertar os reféns israelenses em seu poder desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023. O Ramadã, um mês sagrado para os muçulmanos, começa em 10 de março.
O Conselho de Segurança da ONU se reúne às 10h desta terça-feira (12h no horário de Brasília) para debater o conflito entre Israel e Hamas na Palestina. Segundo a Reuters, não está claro se o rascunho será votado. Uma autoridade dos EUA disse à agência, sob condição de anonimato, que não há pressa em submeter o texto a uma votação e que os americanos querem ter tempo para negociar.
O conselho tem 15 membros. Para que uma resolução seja aprovada, é preciso que 9 deles votem a favor e que nenhum dos membros permanentes (EUA, França, Reino Unido, Rússia e China) vete a proposta.
EUA e Israel são considerados aliados históricos. Os EUA chegaram a vetar resoluções que pediam um cessar-fogo na guerra:
- O primeiro, em outubro do ano passado, um texto redigido pelo representante do Brasil no Conselho de Segurança da ONU.
- O segundo, em dezembro de 2023, em uma reunião convocada pelo secretário-geral da ONU.
População civil em Rafah
Cerca de 1 milhão de pessoas estão em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Muitas delas já deixaram suas casas em regiões mais ao norte do território, onde a ação militar se concentra.
O rascunho da proposta de resolução dos EUA diz que que “uma grande operação em Rafah iria resultar em mais danos aos civis e mais deslocamentos, que poderiam ser inclusive em países vizinhos”.
O texto afirma ainda que uma operação de Israel em Rafah “teria consequências para a paz e segurança regional (…) e que uma ofensiva grande como essa não deve acontecer nas atuais circunstâncias”.
Cessar-fogo
O governo dos EUA vinha se recusado a empregar a expressão cessar-fogo nas resoluções da ONU sobre Israel. No entanto, a expressão consta no rascunho de resolução ao qual a Reuters teve acesso. O presidente Joe Biden tem dito “cessar-fogo” em seus discursos, e afirmou ter tratado do tema com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
No sábado, a Argélia pediu para que na terça-feira haja uma votação em uma resolução que os seus representantes redigiram. Pelo texto argelino, o Conselho de Segurança pediria um cessar-fogo imediato por razões humanitárias.
A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, já sinalizou que essa proposta de resolução seria vetada porque o texto colocaria em risco as negociações sobre a libertação dos reféns que ainda estão sob controle do Hamas.
Mais itens do rascunho
O rascunho ainda rechaça qualquer ação que implicaria uma redução do território da Faixa de Gaza, inclusive com a criação das chamadas “zonas de tampão”, áreas de separação para evitar conflitos, e também a destruição sistemática de infraestrutura civil.
Ministros do governo de Israel chegaram a falar em estabelecer colônias de israelenses dentro da Faixa de Gaza, semelhantes às que existem na Cisjordânia. O rascunho dos EUA pede para condenar essa iniciativa ou qualquer tentativa de mudar a demografia da Faixa de Gaza.
Guerra entre Israel e o Hamas
“A guerra começou quando combatentes do grupo terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza, atacaram Israel, em 7 de outubro, mataram 1.200 pessoas e capturaram 253 reféns, de acordo com os registros israelenses. Em retaliação, Israel atacou o Hamas dentro da Faixa de Gaza.
Autoridades de saúde de Gaza, que são controladas pelo próprio Hamas, dizem que mais de 28 mil palestinos morreram.