Condenado por diversos crimes de corrupção e violações aos direitos humanos, obteve prisão domiciliar em dezembro de 2023 e faleceu em casa, junto a familiares
Morreu nesta quarta-feira (11/09), aos 86 anos, o ex-ditador peruano Alberto Fujimori (1990-2000), vítima de problemas de saúde decorrentes de um caso de câncer que sofria há cerca de quatro anos.
A informação foi revelada por sua filha Keiko Fujimori, ex-candidata presidencial, em uma mensagem nas redes sociais na qual afirmou que “após uma longa batalha contra o câncer, nosso pai acaba de sair ao encontro do Senhor. Pedimos aos que o apreciaram que nos acompanhem com uma oração pelo descanso eterno de sua alma”.
Alberto Fujimori governou o Peru por dez anos, entre 1990 e 2000. Embora tenha sido eleito democraticamente, ao vencer o escritor Mario Vargas Llosa nas eleições de 1989, o político impôs um regime autoritário a partir de 1992, quando dissolveu o Congresso para consolidar um autogolpe.
Os defensores do período fujimorista alegam que o fechamento do Legislativo durou apenas alguns meses, mas o fato é que essa medida somente foi revertida após o ditador impor sua própria constituição, em 1993.
Outro elemento que demonstra o caráter autoritário do seu regime foram as diversas violações aos direitos humanos cometidas durante o período, como os massacres de Barrio Alto e La Cantuta, pelos quais ele foi condenado pela Justiça nos Anos 2000.
Fujimori também foi considerado culpado de promover, durante sua ditadura, um programa de esterilização forçada de mulheres residentes em comunidades indígenas e em bairros pobres de Lima e outras zonas metropolitanas do país.
Casos de corrupção
Além disso, o currículo do falecido ditador não acumula apenas condenações por crimes de lesa humanidade, como também por delitos de corrupção.
Os primeiros casos que o envolveram surgiram no final dos Anos 90, quando foram investigadas transações realizadas por Vladimiro Montesinos, operador político ligado à sua gestão.
As condenações na Justiça por casos de corrupção aconteceram entre os anos de 2009 e 2018, levando o ex-ditador a acumular mais de 50 anos de prisão se somadas todas as sentenças que recebeu.
Foram os escândalos de corrupção que levaram ao fim da sua ditadura. Após deixar o poder, Fujimori passou cinco anos no Japão – país onde vivia graças à sua dupla nacionalidade –, até que decidiu voltar ao seu país.
Prisão no Chile
Antes de regressar a o mandatário realizou uma parada no Chile, em novembro de 2005, e acabou sendo preso pela Interpol quando se encontrava em uma residência em Santiago – a entidade afirma que mantinha a ordem de captura contra ele por crimes de corrupção há anos, mas ela não podia ser aplicada enquanto ele estava no Japão, já que ele estava protegido no país asiático por uma legislação que o tratava como um cidadão japonês.
O ex-ditador foi mantido preso no Chile por quase dois anos e extraditado ao Peru em setembro de 2007. Seu retorno marcou também o início dos julgamentos por corrupção e violações aos direitos humanos diante dos tribunais de Justiça do seu país.
Fujimori passou a maior parte da sua pena no Centro Penitenciário do Departamento de Operações Especiais (Diroes) da Polícia Nacional peruana. Porém, em dezembro de 2023, o governo da presidente Dina Boluarte concedeu a ele o benefício da prisão domiciliar, com o qual ele pode passar seus últimos dias de vida entre seus familiares.