
É quase estonteante ler o livro de Flávio del Mese/Susana Gastal, Flávio del Mese – um nômade pelo mundo. A edição é da Libretos, 2024, com uma capa magistral da Clô Barcelos e fotos primorosas do Marcos Nedef.
Coisas que ouvia do Flávio pareciam lendas, mas elas caem uma a uma com a leitura estonteante do livro.
Flávio, além de um verdadeiro nômade, mas com uma casa, por segurança, em Porto Alegre, foi aviador, automobilista, fotógrafo e um viajante sem igual.
Tudo o que vez para qualquer mortal é mais do que aventura e tudo parece perfeito.
Mas é Flávio que sabe que sabe, sabe que fez o que poucos fariam, mas é humilde também em reconhecer que poderia ter feito mais e melhor. Principalmente se queixa que faltou em quase tudo mais aperfeiçoamento. Tantas coisas que fez foram quase sempre voluntariosas, coisas de autodidata metido, vasculhador, uma pessoa que quer saber.
A condução que a Susana Gastal, tarimbada em fazer livros, em especial de resgares e memórias, foi mestra na condução da cadência da obra.
Deu o devido destaque aos pais do Flávio, mostrando um pouco o papel dos imigrantes, da valentia deles, como da valentia do próprio Flávio em especial na aviação e no automobilismo. Ah,sim, isso era valentia, tempos outros, em todos os sentidos.
Temos um quase resumo da imigração italiana, uma breve história dos primórdios da aviação e uma história do automobilismo.
De igual forma os relatos curtos e precisos das viagens do Flávio, suas façanhas, sim algumas façanhas com um pouco de sorte e senso de oportunidades.
O Studio dele ali na Cidade Baixa, por mais de 20 anos, contou com projeção de fotos e contação de suas viagens.
A lista de personalidades e ações que fotografou encheria páginas, mas é bom saber que tirou foto do John Lennon e da Yoko Ono. E imagina sua estada na Guerra do Vietname, em shows e aventuras em Londres no final dos 60 e início de 70. Isto é para poucos.
Não se pode ficar aqui enumerando tudo, ou extraindo pontos de todos os capítulos, pois só estamos dando um gostinho para que haja leitores vorazes para uma leitura encantadora.
Ainda saliento a publicação de entrevista do Flávio ao saudoso jornalista Ney Gastal.
Flávio del Mese, da “çera” como ele diz, de Caxias, com um marco na capital, cidadão do mundo, só lhe faltando o título de cidadão honorário de Porto Alegre.
(*) Por Adeli Sell, professor, escritor e bacharel em Direito.
*As opiniões dos autores de artigos não refletem, necessariamente, o pensamento do Jornal Brasil Popular, sendo de total responsabilidade do próprio autor as informações, os juízos de valor e os conceitos descritos no texto.