Em livro lançado pela Expressão Popular, célebre escritor palestino faz uma análise incisiva das causas e consequências do conflito de 1936-1939. Obra expõe o impacto da imigração judaica e do colonialismo britânico. Sorteamos três exemplares
A década de 1930 foi um período de transformações que marcaram profundamente a história da sociedade palestina. Em 1933, Hitler assumia o comando de uma Alemanha que mergulhava no fascismo. Em 1935, a Palestina começava a ver a chegada em massa de judeus europeus. Entre eles, judeus estabelecidos e com grande capital e trabalhadores qualificados e técnicos.
Já há alguns anos, sob o domínio colonial do Império Britânico, o território palestino e a economia árabe sufocava. A chegada de cerca de 62 mil judeus europeus apenas agravou esse quadro.
Agora, a economia judaica europeia era impulsionada “em detrimento da economia árabe”, como afirma o pesquisador Maher Al-Charif.
Diante de tais turbulências, o país vivia uma crescente tensão entre as comunidades árabe e judaica, exacerbada pela imigração dessa última e pelas promessas não cumpridas dos britânicos durante a Primeira Guerra Mundial.
Esse cenário inflamou o descontentamento local, culminando na Grande Revolta Árabe – um levante nacionalista palestino que desafiava o controle colonial britânico e as políticas sionistas.
Outras Palavras e Expressão Popular irão sortear três exemplares de A Revolução Palestina de 1936-1939, de Ghassan Kanafani, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 16/9, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!
Nascido em 1936, na cidade de Acre – à época território palestino e hoje ocupado por Israel – o autor teve sua vida profundamente marcada pelo exílio e pela luta por justiça social.
Em 1948, ele e sua família passaram pela violenta Nakba, a Catástrofe. Com apenas 12 anos de idade, se viu forçado a abandonar a Palestina, deixando para trás sua casa e todo um modo de vida.
Refugiado na Síria, após perder tudo, ele e seus irmãos começaram a trabalhar cedo para ajudar a família, que buscava se reerguer em um país estrangeiro.
Conciliando estudos e trabalho se formou em literatura árabe. Logo envolveu-se na militância anticolonial, tornando-se uma voz influente na denúncia das injustiças enfrentadas pelo povo palestino.
Iniciou sua militância no Movimento Nacionalista Árabe (MNA), porém, em 1967, após a Guerra dos seis dias, o MNA passou por uma reorganização, com alguns de seus principais militantes fundando a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), liderada por George Habash. Kanafani foi um de seus principais líderes, porta-vozes, teóricos e interlocutores.
Em 1969, fundou a revista Al-Hadaf (O alvo), o periódico, que está ativo até os dias de hoje, defende uma versão marxista-leninista do nacionalismo palestino pan-árabe.
Capa de uma edição do Al-Hadaf. Fonte: Revolutionary Papers
Publicado originalmente em árabe em 1972, A Revolução Palestina de 1936-1939 é uma obra seminal de Kanafani. O escrito explora as causas políticas e econômicas subjacentes à Grande Revolta, a organização da resistência palestina, e a dura repressão das forças britânicas.
Kanafani também examina o impacto social e econômico da revolta sobre a população palestina e discute as respostas da comunidade internacional e das potências estrangeiras.
O livro não se limita a relatar eventos históricos; ele oferece uma reflexão crítica sobre as dinâmicas imperialistas que moldaram o destino da Palestina e, consequentemente, a criação do Estado de Israel.
A edição brasileira inclui ainda textos da educadora popular Layan Fuleihan e do chefe do departamento de pesquisa do Instituto de Estudos sobre a Palestina, Maher Al-Charif, que atualizam e contextualizam a obra de Kanafani para os leitores.
Em um momento em que os conflitos no Oriente Médio continuam a impactar a geopolítica global, a obra de Kanafani oferece uma visão afiada das origens da guerra e das forças imperialistas em jogo.
Seu escrito não é apenas um testemunho histórico é um insumo fundamental para o movimento revolucionário contemporâneo, que demonstra as raízes colonial da invasão israelense. Por conta do caráter colonialista dessa invasão é que a Questão Palestina, como defende o teórico, não pode estar resumida ao mundo árabe, sendo assim uma luta de todos os povos.
Kafani foi assassinado em Beirute em 8 de julho de 1972 por agentes israelenses, mas sua vida e obra é um apelo contínuo que ecoa a luta por justiça e libertação.
Em parceria com a Expressão Popular, Outras Palavras irá sortear três exemplares de A Revolução Palestina de 1936-1939, de Ghassan Kanafani, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 16/9, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!