“Uma indecência usar esse tipo de chantagem, ameaçando até com disparada do câmbio, pra tentar impedir o governo de investir no crescimento e executar as políticas que atendem o povo”, afirmou a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann
A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), denunciou, nesta quinta-feira (7), os achaques do mercado financeiro para que o governo Lula corte despesas. Por meio da rede social X, Gleisi condenou a nota do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) explicando os motivos do aumento da Selic ao patamar de 11,25% ao ano e o tom ameaçador do documento, com projeções alarmistas acima de 14%, caso o orçamento não seja enxugado.
“A nota do Copom para ‘explicar’ a nova alta dos juros é puro terrorismo de mercado. Chega a projetar uma taxa Selic de 14,5% se não houver ‘mudanças estruturais’ no orçamento. Uma indecência usar esse tipo de chantagem, ameaçando até com disparada do câmbio, pra tentar impedir o governo de investir no crescimento e executar as políticas que atendem o povo”, disparou a presidenta do PT.
Na quarta (6), mesmo dia em que o Copom aumentou a Selic pela segunda vez seguida, o presidente Lula também reagiu à pressão do mercado financeiro e da imprensa corporativa, principal panfleto dos especuladores, para enquadrar o governo em uma agenda de austeridade.
“Eu estou num processo de discussão muito séria com o governo, porque eu conheço bem o discurso do mercado, conheço a gana especulativa do mercado. E eu, às vezes, acho que o mercado age com uma certa hipocrisia, com a contribuição muito grande da imprensa brasileira, para tentar criar confusão na cabeça da sociedade”, afirmou. “Acontece que nós não podemos mais jogar, toda vez que você tem que cortar alguma coisa, em cima do ombro das pessoas mais necessitadas”, prosseguiu o presidente.
As considerações de Lula foram feitas ao programa PODK Liderados, do senador Jorge Kajuru e da deputada federal Leila Barros. A íntegra da conversa vai ao ar no próximo domingo, às 22h30.
Congresso Nacional
O presidente também criticou as atitudes do Congresso em relação à pressão do mercado financeiro pelo corte de gastos. Assim como o governo, o Legislativo resiste à proposta de austeridade, não se mostrando inclinado a compartilhar o ônus político delas. Em grande medida, as emendas parlamentares garantiram, nas recentes eleições municipais, a mais alta taxa de recondução ao cargo já vista na história da democracia brasileira.
“Se eu fizer um corte de gasto para diminuir a capacidade de investimento do orçamento, a pergunta que eu faço é a seguinte: o Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores para contribuir com o ajuste fiscal que eu vou fazer? Porque não é só tirar do orçamento do governo”, ponderou Lula.
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