O deputado federal foi preso durante a invasão da PM na UERJ; o parlamentar estava no local para fazer a intermediação entre estudantes e forças militares
A presidenta nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) repudiou a prisão do também deputado Glauber Braga, que estava na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) para fazer a intermediação entre os estudantes que ocupavam o campus e as forças militares. No entanto, Braga terminou preso.
Para Gleisi Hoffmann, a prisão de Glauber Braga é “inaceitável e inconstitucional”. “Gravíssima invasão policial ao campus da UERJ, com prisão de estudantes e do deputado Glauber Braga. O protesto dos estudantes é legítimo e a prisão de um parlamentar no exercício do mandato é inaceitável e inconstitucional. É assim que o governo da direita do RJ trata a educação e a democracia”, declarou a presidenta nacional do PT.
De acordo com fonte ouvida pela Fórum, o deputado Glauber Braga prestou depoimento e ia acompanhar os depoimentos dos três estudantes que foram presos junto com ele. O parlamentar permanece preso.
Glauber Braga é preso durante ação violenta da PM na UERJ
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) foi preso nesta sexta-feira (20) durante ação violenta da Polícia Militar (PM) na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), que estava ocupada pelos estudantes, os quais são contra as mudanças feitas pela reitoria nas bolsas estudantis e de pesquisa.
De acordo com a assessoria de imprensa de Glauber Braga, o deputado estava na universidade para fazer a mediação entre os estudantes e as forças militares. No entanto, o parlamentar e os estudantes foram alvos de uma ação violenta da PM, o que resultou na detenção de Braga.
Ainda de acordo com a assessoria, “Glauber está sendo levado junto com mais 3 estudantes nessa reintegração de posse absurda. É uma detenção ilegal, já que um deputado federal só pode ser detido em flagrante por crime inafiançável.”
Essa é a primeira vez na história da UERJ que a Tropa de Choque é autorizada pela Justiça a entrar no campus. A presidenta nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) repudiou a prisão de Glauber Braga e a invasão do campus da UERJ pela Polícia Militar. Para a deputada, tal acontecimento “é inaceitável”.
“Gravíssima invasão policial ao campus da UERJ, c/ prisão de estudantes e do deputado Glauber Braga. O protesto dos estudantes é legítimo, e a prisão de um parlamentar no exercício do mandato é inaceitável, inconstitucional. É assim que o governo da direita do RJ trata a educação e a democracia”, declarou Gleisi Hoffmann por meio de suas redes sociais.
ATUALIZAÇÃO: Fonte ouvida pela Fórum revelou que o deputado Glauber Braga segue detido e que, por volta das 18h, estava prestando depoimento. Acredita-se que o deputado deve ser liberado ainda hoje, pois a sua prisão é ilegal.
Confira no vídeo abaixo o momento de prisão do deputado Glauber Braga:
Estudantes ocupam a UERJ em protesto contra cortes em bolsas
Estudantes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) voltaram a ocupar o campus da instituição de ensino na noite de 20 de agosto. Esta é a segunda vez que os discentes realizam tal protesto contra os cortes promovidos pela atual reitoria em uma série de benefícios sociais e bolsas estudantis.
A reitoria baixou o Ato Executivo de Decisão Administrativa (Aeda 38/2024), que restringiu o acesso a uma série de bolsas oferecidas aos estudantes e entrou em vigor no dia 1º de maio. Apelidado de “Aeda da fome”, as mudanças promovidas pela gestão da UERJ atingem cerca de 5 mil universitários.
Neste momento, 2,6 mil estudantes estão enquadrados na categoria de vulnerabilidade social. Estes discentes ingressaram na UERJ pela ampla concorrência, ou seja, fora do sistema de cotas e, durante a matrícula, comprovaram renda e foram aprovados pelo sistema de avaliação socioeconômico.
Como era o sistema antes da mudança promovida pela reitoria:
- Auxílio-material: para pagar despesas com livros e impressões. Era pago 2 vezes ao ano, a cada semestre, no valor total de R$ 1,2 mil;
- Auxílio-alimentação e passagem: R$ 300 cada, por mês;
- Bolsa de apoio à vulnerabilidade social: R$ 706 por mês com duração de 2 anos para quem comprovasse renda bruta de até um salário mínimo e meio por pessoa da família, ou R$ 2.118;
- Auxílio-creche para quem solicitasse.
Como ficou:
- A bolsa de vulnerabilidade agora exige renda bruta de meio salário mínimo por pessoa da família, ou R$ 706;
- O auxílio-material foi reduzido à metade;
- O auxílio-alimentação ficou restrito a quem estuda em campus sem restaurante universitário. Quem frequenta o Maracanã agora só tem o bandejão;
- O auxílio-creche será pago a apenas 1,3 mil estudantes.
“Cenário triste e preocupante”
Em entrevista à Fórum, o ex-reitor da UERJ, Ricardo Lodi, que foi o responsável por ampliar os programas sociais da universidade, critica os cortes e afirma que vê com “muita preocupação” o atual cenário.
“Eu vejo com muita preocupação e tristeza. Porque esse esforço que a gente fez durante a pandemia foi muito importante para a permanência estudantil. E muita gente pergunta, mas tudo bem, a pandemia acabou, por que os auxílios continuam? Continuam porque as pessoas continuam precisando, continuam estudando. Não dá para interromper os sonhos pela metade, né?”, destaca Lodi.
Em seguida, Lodi afirma que os programas criados durante sua gestão visam “dar o mínimo de condições para o estudante”. “A gente não está falando aqui de nada absurdo. A gente está falando de dar um mínimo de condições para o estudante que ingressou no regime de cotas ou aquele que está na mesma condição social do regime de cotas ter uma oportunidade de prosseguir nos seus estudos, combatendo a evasão”.
O ex-reitor da UERJ também afirma que os estudantes foram pegos de surpresa com os cortes. “De uma hora para outra, não tem dinheiro para pagar as contas. Alguns estavam morando de aluguel, entraram na universidade já com essa perspectiva. E de uma hora para outra tudo é cancelado”, disse Ricardo Lodi.