Outros dois líderes do Hamas mortos; 44 mil deslocados na Cisjordânia e mais assentamentos ilegais
Bombardeio aéreo israelense ao hospital Nasser, em Khan Younis, Gaza matou cinco pessoas no domingo (24/03) à noite, incluindo um líder político do Hamas e médicos. O grupo informou a morte de seu líder Ismail Barhoum, que estava no hospital se tratando de ferimentos sofridos no ataque anterior.
O Hamas confirmou também a morte de Salah al-Bardaweel, no sábado (22/03), em outro ataque a Khan Younis. Ambos eram membros do gabinete político, órgão decisório do Hamas composto por 19 líderes, dos quais 11 pereceram desde o início da ofensiva de Israel, no final de 2023.
No total, os taques israelenses vitimaram 45 palestinos em Gaza no domingo. A maioria dos mortos era civis, de acordo com a autoridade de saúde palestina. Houve bombardeios por todo o norte, centro e sul da faixa na manhã de domingo e outros à noite.
As tropas israelenses também emitiram novas ordens de evacuação a oeste da cidade de Rafah, na fronteira com o Egito. Homens, mulheres e crianças caminhavam no domingo por uma estrada de terra carregando seus pertences nos braços porque o uso de carros foi proibido. Nos últimos dias, as tropas sionistas atacaram vários automóveis matando civis. Também houve ordens para que as tropas anexassem áreas de Gaza.
Deslocamentos sob fogo
“É um deslocamento sob fogo. A situação é muito difícil. Há muitos feridos entre nós”, diz Mustafa Gaber, jornalista local que se desloca com a família atendendo às ordens de evacuação de Israel.
Após os bombardeios, as tropas sionistas cercaram o campo de refugiados de Tal al-Sultan, em Rafah. “Há muita ansiedade, especialmente dos pais. Podemos ouvir explosões massivas a maior parte do dia, disse Hisham Mhanna, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha em Gaza.
“Relatos de vítimas chegam a cada hora e os socorristas não conseguem chegar a todos os locais porque é perigoso ou porque eles não têm combustível suficiente. Não para: ordens de evacuação, explosões, hospitais cheios de vítimas e agora a escassez de alimentos”, acrescenta Mhanna em reportagem do The Guardian.
Indicando intensão de intensificar ainda mais a ofensiva, o exército sionista disse no domingo que uma de suas divisões que atuou contra o Hezbollah no Líbano estava se preparando para ir para Gaza. Desde que Israel rompeu unilateralmente o cessar-fogo, na terça-feira (18/03) passada, mais de 600 palestinos foram mortos em Gaza, um terço deles crianças. Desde dezembro de 2023, o número total de mortos nas agressões do exército sionista superam os 50 mil, sem contar os que continuam sob os escombros e as vítimas indiretas da guerra.
Desnutrição aumenta
Ao mesmo tempo, médicos e trabalhadores humanitários alertam que a desnutrição cresce em Gaza após mais de três semanas de bloqueio israelense total à entrada de suprimentos. Organizações de ajuda humanitária disseram que estavam reduzindo a distribuição de comida para as cozinhas comunitárias que alimentam cerca de um milhão de pessoas.
“Em algum momento, simplesmente ficaremos sem suprimentos e as coisas ficarão desesperadoras”, disse um funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU) que trabalha em Gaza.
Seis das 23 padarias operadas pelo Programa Mundial de Alimentos da ONU já deixaram de funcionar por falta de gás e as demais tinham estoque de farinha para mais seis dias. “É evidente que as pessoas estão abaixo do peso. A população é muito jovem e as crianças precisam de alimentos nutritivos”, disse Khamis Elessi, médico da Cidade de Gaza.
“As pessoas estão desnutridas. Posso ver que minhas incisões cirúrgicas não estão cicatrizando vem”, disse Feroze Sidhwa, médico norte-americano qeue é voluntário em Gaza
44 mil deslocados na Cisjordânia
Ao mesmo tempo, as forças israelenses realizaram vários ataques à Cisjordânia ocupada durante a noite de domingo, incluindo as cidades de Silat al-Harithiya, Qalqilya e Qatanna, além das aldeias de Shuqba e al-Mughayyir, perto de Ramallah, segundo informou a agência Wafa.
As ofensivas de Israel contra a Cisjordânia se intensificadas desde 21 de janeiro sobretudo nos campos de refugiados de Jenin, Tulkarem e Nur Shams. Segundo os Médicos Sem Fronteiras (MSF), dezenas de palestinos foram mortos e 44 mil deslocados de suas casas na Cisjordânia nos últimos dois meses.
Repetindo o que ocorreu em Gaza, o exército israelense vem destruindo as casas e infraestrutura das áreas desocupadas para que os deslocados não possam retornar e para preparar o terreno para novos colonos. Este final de semana a prefeitura de Jenin denunciou que Israel ordenou a demolição de mais 66 edifícios que englobam cerca de 300 residências.
“As pessoas não conseguem retornar para suas casas porque as forças israelenses bloquearam o acesso aos campos, destruindo casas e infraestrutura”, disse o diretor de operações dos MSF, Brice de la Vingne. “Israel deve parar com isso e a resposta humanitária precisa ser ampliada”.
Os MSF descreveram a situação dos deslocados como “extremamente precária”. “As pessoas estão sem abrigo adequado, sem serviços essenciais ou acesso a cuidados de saúde”. Segundo a organização, a escala da destruição dos campos e de deslocamentos forçados “não era vista há décadas na Cisjordânia ocupada”.
ONG israelita denuncia colonos ilegais protegidos pelo exército
Embora concentrada nos três campos de refugiados, os ataques israelenses na Cisjordânia não se restringem a essas áreas. Em várias regiões desse território palestino ocupado, aumentam as ocupações ilegais de propriedades palestinas por colonos israelenses, com apoio do exército.
Em Tel Rumeida, em Hebron, colonos israelenses tomaram a casa de uma família quando eles saíram para fazer a quebra do jejum do Ramadã. Quando a família voltou, soldados israelenses os impediram de se aproximar da casa e a polícia se recusou a registar uma reclamação.
Os colonos alegam que compraram a casa, mas os palestinos negam. O caso, apenas um exemplo em meio a centenas, foi denunciado pelo grupo de direitos humanos israelense Peace Now.
“É hora de parar com o absurdo de que um punhado de colonos messiânicos determinem a política externa e de segurança de um país inteiro”, disse o Peace Now. “O governo é responsável e pode e deve evacuar os colonos imediatamente.”