Coutinho: “É preciso aprender com a história da Petrobrás e da PBio”
A direção da Petrobrás informou, na quarta-feira (06), encerramento do projeto de desinvestimento (venda) da sua subsidiária integral Petrobrás Biocombustível S.A. (PBio), que será mantida no portfólio da Petrobrás. Fundada em 2008, a PBio foi criada para atuar nos segmentos de produção de biocombustíveis, proprietária de três usinas de biodiesel: duas operacionais situadas em Candeias (BA) e em Montes Claros (MG) e uma em Quixadá (CE), que está hibernada.
Segundo o comunicado oficial, a Petrobrás está avaliando alternativas e modelos de negócio para a PBio por meio de parcerias que possam potencializar sua atuação, considerando novas oportunidades de negócios, possíveis sinergias entre os ativos da companhia e a maximização dos resultados do Sistema Petrobrás.
Segundo Felipe Coutinho, presidente da AEPET:
“A Petrobrás Biocombustível (PBio) foi pioneira no desenvolvimento de tecnologias e da produção de biodiesel no Brasil. Foi a maior produtora de biodiesel e também atuou na produção de etanol. A escolha de modelo de negócios desintegrado impôs a necessidade de comprar as matérias-primas de terceiros, notadamente o óleo de soja bruto e o sebo animal, o que impossibilitou a sua competitividade.
O modelo de negócios imposto à PBio impediu sua atuação na produção dos óleos e gorduras e trouxe a dependência de compra-los dos seus concorrentes (ou potenciais concorrentes) por preços que inviabilizam a economicidade da sua operação industrial.
Essa experiência ainda não foi aprendida pela direção da Petrobrás. A companhia avalia atuação também desintegrada para o processamento do óleo de soja e do sebo, produzidos por terceiros, nas suas refinarias para a produção de BioQAV e Diesel Renovável. Conforme avalio no artigo “Processar óleo de soja nas refinarias da Petrobras é uma péssima decisão disfarçada de verde“.
É preciso aprender com a história da Petrobrás e da PBio, alterar seu modelo de negócios visando obter suas matérias-primas aos menores custos possíveis, como, aliás, fez a Shell ao atuar integrada e verticalmente na produção de cana de açúcar e etanol no Brasil. Com o modelo de negócios adequado, a Petrobrás e a PBio podem buscar a liderança na produção eficiente e rentável de biocombustíveis, recuperando o mercado perdido pela estatal no mercado dos combustíveis líquidos do Brasil.”