Líder de esquerda, Jean-Luc Mélenchon, disse que eleições foram ‘roubadas’ com nomeação fora da coalizão Nova Frente Popular, vencedora das eleições legislativas de 7 de julho
O presidente da França, Emmanuel Macron, nomeou nesta quinta-feira (05/09) o ex-ministro das Relações Exteriores Michel Barnier, de direita, como novo primeiro-ministro do país.
A decisão marca o fim de um impasse político que durava desde o segundo turno das eleições legislativas antecipadas, em 7 de julho, vencidas pela esquerda, mas que formaram um Parlamento sem maioria clara.
“O presidente da República nomeou Michel Barnier como primeiro-ministro e o encarregou de constituir um governo de união a serviço do país e dos franceses”, diz um comunicado do Palácio do Eliseu.
“Essa nomeação chega após um ciclo inédito de consultas, ao longo das quais, em conformidade com seu dever constitucional, o presidente assegurou que o governo cumprirá as condições para ser o mais estável possível”, acrescenta a nota.
Com um sistema semipresidencialista, a França compõe o seu Poder Executivo com o presidente, eleito pelo voto popular e democrático, que ocupa a posição de chefe de Estado, e o primeiro-ministro, chefe de Governo, que tem a responsabilidade de formar um governo e um gabinete ministerial para o país.
Barnier, 73 anos, já foi ministro do Meio Ambiente (1993-1995), das Relações Europeias (1995-1997), das Relações Exteriores (2004-2005) e da Agricultura (2007-2009), bem como comissário de Políticas Regionais (1999-2004) e Mercado Interno (2010-2014) da União Europeia. Além disso, liderou a delegação da UE nas negociações do Brexit.
O político será o premiê mais velho da história da Quinta República Francesa, iniciada em 1958, e substituirá o mais jovem, Gabriel Attal, de 35 anos.
O partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen, definiu o novo primeiro-ministro como um “fóssil da vida política”, mas garantiu que não apresentará uma “moção de censura imediata” no Parlamento.
Já o líder do partido de esquerda França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, disse que as eleições foram “roubadas”. “Barnier não vem da Nova Frente Popular, que venceu as eleições, mas de um partido que obteve menos votos. Está em curso uma negação da democracia”, salientou.
A coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) obteve 180 das 577 cadeiras da Assembleia Nacional no pleito legislativo de julho, contra 39 d’Os Republicanos, legenda de Barnier.