Cerco ao Brasil iria do Sul, com Milei, ao Norte, se Corina tomar o poder na Venezuela, passando por bases no Equador
Países não têm amigos, têm interesses em comum. A frase, ora atribuída a Charles de Gaulle, ora ao ex-secretário de Estado dos EUA no governo Eisenhower, John Foster Dulles, deve ser lembrada quando se analisa a questão da reeleição de Maduro na Venezuela. Deixando-se de lado arroubos românticos pseudo-democráticos, concentra-se no que interessa ao Brasil. O PT até fez isto; o governo Lula se equilibra num estreito muro. Interessa ao Brasil ficar num cerco com Milei, na Argentina, ao Sul; Noboa (Equador) e Boluarte (Peru) – da qual, diga-se, nenhum arauto da democracia questiona a ilegitimidade – ao Oeste; e María Corina, na Venezuela, ao Norte? Corina é uma espécie de versão do presidente argentino que não conversa com o espírito do cachorro morto, mas abraça todas as pautas da extrema-direita.
Base no Equador aumenta cerco ao Brasil
Do Equador, vem a notícia de que o presidente Daniel Noboa (também não se questiona a reeleição a toque de caixa com doses de ilegalidade) apresentará à Assembleia Nacional um Projeto de Reforma Parcial da Constituição para modificar um artigo que proíbe o estabelecimento de bases militares estrangeiras e instalações para fins militares no país, com a desculpa da guerra “transnacional” contra as drogas.
A proibição foi aprovada durante a presidência de Rafael Correa (2007–2017), em setembro de 2008, e implicou a saída de tropas norte-americanas da Base Aérea Eloy Alfaro, em Manta, onde funcionava um Centro de Operações Avançadas (FOL) dos EUA para alegado controle antidrogas na região.
O Brasil foi alvo, diversas vezes, da interferência dos EUA, a mais recente com a Lava Jato. Agora que o governo Lula ensaia, novamente, uma política externa a favor do Sul Global, os interesses norte-americanos, uma vez mais, são contrariados. A parceria com a China igualmente incomoda os Estados Unidos.
Volta a pergunta: interessa ao Brasil ficar cercado do Sul ao Norte?