Jornada iniciou com seminário para discussão do enfrentamento à violência política de gênero e raça e teve encontro com ministras
O auditório Nereu Ramos, no anexo II da Câmara dos Deputados ficou lotado na manhã de hoje de parlamentares de 21 estados do Brasil e representantes de organizações para “Jornada de Mulheres Sem Medo de Mudar o Brasil”. O evento debateu Prevenção e Enfrentamento da Violência Política de Gênero e Raça. À tarde, uma comissão de parlamentares lideradas pelo Instituto E SE FOSSE VC ?, se reuniu com as ministras da Igualdade Racial, Anielle Franco, dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo, e das Mulheres, Cida Gonçalves.
Promovido pelo Instituto E Se Fosse Você?, presidido por Manuela D’Ávila ,
em parceria com a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e pela Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial, o seminário ocorrido pela manhã reuniu lideranças políticas, organizações da sociedade civil e especialistas. As participantes conheceram as iniciativas de organizações que estão desenvolvendo algum tipo de trabalho de prevenção, análise de dados e enfrentamento da violência política de gênero.
Conforme Manuela d Ávila, o encontro é o resultado do trabalho coletivo de
muitas mulheres comprometidas com
a construção de um Brasil mais justo e
igualitário. Ela destaca que a jornada é um espaço de acolhimento, luta e transformação. “Estamos acostumadas a ouvir que “faz parte”, as agressões e ameaças que as mulheres que estão na política são alvo. Que somos fortes . Mas não faz parte. Ser forte não pode ser uma condição para ocupar o parlamento. Ninguém tem que aguentar”, disse .
Falta de apoio interno dos partidos a parlamentares e candidatas em situação de violência política de gênero foi uma das questões apontadas pela maioria das participantes.
Além de Manuela, participaram da mesa de abertura as deputadas Ana Pimentel, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher
e Daiana Santo, presidente da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial, a procuradora do Ministério Público Federal Raquel Branquinho, do Grupo de Trabalho de Prevenção e Combate à Violência Política de Gênero, e Anne Moura , Secretária Nacional de Mulheres do PT.
Entre as organizações que apresentaram suas iniciativas, o Instituto E SE FOSSE VC? mostrou os resultados do plantão de acolhimento a mulheres em cargos públicos e candidatas. Uma iniciativa que ofereceu apoio jurídico, psicológico e de estratégia de comunicação a quem acionou o plantão , que iniciou em agosto e se estendeu até dia 22 de novembro. Mais de cinquenta mulheres – entre 35 e 60 anos- foram atendidas, a maioria negras ou pardas, de pequenos municípios de todas as regiões do país . Conforme a coordenadora do plantão, Brenda Espíndula, a tônica central dos atendimentos foi auxiliar mulheres que se encontravam em fragilidade emocional após serem alvo de violência e ameaças , maior parte proferida por e adversários políticos homens, e a falta de apoio interno dessas mulheres por parte de seus próprios partidos. “Por isso, a importância de se discutir cada vez mais sobre violência política de gênero e raça. Não podemos normalizar o que não é normal. É devastador para vida dessas mulheres e elas não podem ser abandonadas pelos partidos , precisam ser acolhidas e receberem as condições de apoio para estarem na política” , disse.
Além do Instituro E Se fosse vice ? , falaram sobre suas iniciativas e pesquisas de enfrentamento à violência política de gênero e raça , o Instituto Marielle Franco, Instituto Alziras, Nepem/UFMG, Terra de Direitos e Justiça Global, InternetLab e AzMina, A Tenda das Candidatas, UFG e Rede A Ponte.
Amanhã , o grupo de parlamentares participa de rodas de cuidado mútuo e troca de experiências. O encontro é fechado.