IPCA-15, prévia do IPCA de setembro, sobe apenas 0,13%, bem abaixo da previsão média, de 0,3%
O IPCA-15 de setembro de 2024 contrariou a previsão do mercado financeiro – que esperava, em média, 0,3% – e ficou em 0,13%, acumulando 4,12% em 12 meses, abaixo dos 4,35% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2023, a taxa foi de 0,35%. Não é a primeira vez este ano que as projeções falham. O que leva muitos fora do mercado financeiro a perguntarem se não há um viés embutido na previsão, influenciando as taxas de juros futuros e a decisão do Copom sobre a Selic.
O fato é que o principal impacto no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado pelo IBGE, veio do grupo Habitação (impacto de 0,08 ponto percentual), em especial da energia elétrica residencial.
“Esse cenário de inflação moderada pode influenciar a decisão do Banco Central sobre a Selic, sinalizando que novas altas poderão continuar gradualmente em torno de 0,25 ponto percentual (pp)”, destaca Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike. “Precisamos entender que os últimos números relacionados à inflação vêm desacelerando, e pode ser que o mercado esteja pessimista demais com a alta da inflação e que não seja necessário ir tão longe quanto o mercado vem mensurando [sobre a taxa de juros], de uma maneira extremamente pessimista”, analisa.
Para Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, a prévia da inflação de setembro foi mais fraca que o esperado por conta de itens isolados, que devem ser devolvidos nas próximas divulgações, mas também trouxe notícias boas na parte qualitativa.
Os serviços subjacentes vieram abaixo do esperado, e a média dos núcleos seguiu a mesma direção. Também os serviços intensivos em mão de obra surpreenderam para baixo; na métrica dessazonalizada e anualizada caiu de 4,43% para 3,79%. As surpresas altistas de foram os alimentos, destaca Angelo. A projeção da Warren para o IPCA (inflação oficial) de 2024 está em 4,6%, e de 2025, em 4,20%. A expectativa do IPCA de setembro caiu de 0,57% de 0,47%.
Para João Kepler, CEO da Equity Fund Group, o IPCA-15 surpreendeu o mercado e indica uma desaceleração em relação ao mês anterior. “Com uma taxa acumulada de 4,12% nos últimos 12 meses, a inflação permanece dentro do teto da meta do Banco Central, o que pode levar o Copom a considerar aumentos graduais na Selic, em torno de 0,25 pp. No entanto, o mercado pode estar excessivamente pessimista em relação à situação fiscal do país, o que deve ser considerado no cenário econômico.”