Moody’s eleva nota do Brasil por causa da melhora na economia, contrariando mercado, que aposta no futuro mas não acerta o passado
Na segunda-feira da semana passada (23), Lula e o ministro Haddad se reuniram, em Nova York, com representantes das agências de classificação de risco Moody’s e Standard & Poor’s. Em seguida, analistas do mercado financeiro e seus representantes na mídia se esmeraram em dizer que a nota de crédito do Brasil não iria melhora, por que os “fundamentos” da economia estavam ruins, e a situação fiscal é “crítica”. Passados 8 dias, a Moody’s anunciou a elevação do rating do Brasil. Não foi pela hábil lábia de Lula ou por apelos de Haddad. A agência atribuiu a melhora – que deixa o País a 1 passo do tão sonhado – pelo mercado – grau de investimento – ao “crescimento robusto da economia e às reformas econômicas e fiscais recentes”. Vale lembrar que 2 dias depois da reunião de Lula com as agências de rating, foi divulgado no Brasil o IPCA-15, abaixo do que esperava o mercado, que erra o passado, mas pretende projetar o futuro.
A mediana das análises vindas do mercado financeiro apontavam alta de 0,3% na prévia da inflação oficial de setembro, mas o IPCA-15 veio em 0,13%. Uma diferença mínima na vida real, mas impactante para quem acha que 0,01% é importante. E o erro do mercado foi de quase 1,5x.
A alta na classificação de risco pela Moody’s levou a mídia a ouvir as mesmas pessoas de sempre, que, após errarem uma vez mais o passado, apostam novamente no futuro, dizendo que a questão fiscal impede que o Brasil alcance o grau de investimento.
Será que os modelos econômicos do mercado financeiro estão defasados ou são enviesados? O fato é que os erros se repetem, e eles não são inócuos. Uma previsão maior de inflação, ou menor do crescimento da economia impactam os juros futuros e influenciam o Banco Central – uma espécie de profecia autorrealizável.
As projeções feitas pelas instituições financeiras no Boletim Focus erram ano após ano, como já mostraram matérias no Monitor Mercantil. O primeiro Boletim de 2024, de 5 de janeiro, previa um IPCA de 3,9%, PIB de 1,59%, câmbio a R$ 5 e Selic a 9%. Chegando no final do ano, no mais recente Focus, de 27 de setembro, a mudança foi grande: IPCA de 4,37%, PIB de 3%, câmbio a R$ 5,40 e Selic a 11,75%. O menor erro, no IPCA, foi de 10%. Erra o passado, mas renova a aposta no futuro – com apoio da mídia amiga.
Senhores da guerra
O principal fator de instabilidade no Oriente Médio não é Israel, nem a Palestina. É o consórcio EUA-Reino Unido, que fornece armas e apoio militar aos israelenses, como visto nesta terça-feira, enquanto encena, na ONU, condenações e pedidos de cessar-fogo.